postado em 20/07/2019 04:19
A vida ganha um novo rumo para a irmã de criação de Rhuan. São alentadoras as notícias que chegam do Acre sobre a menina de 8 anos. Ela vai voltar à escola, está num ambiente acolhedor, recebe amor da família e voltou a brincar. Tudo que é direito de uma criança. Pelo que li em reportagem do Correio nesta semana, está havendo todo um zelo para preservá-la de mais impactos psicológicos ; parece óbvio que isso ocorra, mas, num país que negligencia crianças, que desrespeita seus direitos, é preciso fazer menção ao fato. Uma das precauções foi a escolha do colégio em que estudará. A instituição fica longe da casa dela, para que não conviva com colegas que saibam da aterradora história que viveu. O Conselho Tutelar da cidade ainda pediu à diretoria da unidade e aos professores sigilo absoluto, com o objetivo de não deixá-la exposta.
Em casa, a menina está tendo atenção especial da madrasta e do pai ; eles, assim como os parentes, têm a missão complicada de lidar com uma criança extremamente traumatizada. O caminho da recuperação será longo e difícil, claro, nem poderia ser diferente. O ambiente de ódio em que vivia, os maus-tratos que sofreu e o que presenciou dos horrores cometidos contra Rhuan estão profundamente marcados nela. Tanto que não consegue falar sobre o irmão. O acompanhamento psicológico será imprescindível para que consiga ter uma vida normal, se é que isso será possível algum dia.
Fiquei emocionada com as informações e confio que não haverá relaxamento na rede de proteção à menina, mas confesso que foi impossível evitar um sentimento de pesar, porque Rhuan não teve essa oportunidade. Ele não pôde desfrutar de uma vida sem tortura física e psicológica, de uma vida com amor, carinho, colo. A esperança nunca acenou para aquele garotinho, e ele apenas seguiu seu destino atroz. Isso é de uma tristeza devastadora.Talvez, numa outra vida, quando este mundo perverso implodir, a gente descubra por que uma criança nasceu somente para ser martirizada, por que teve de passar por um sofrimento extremo durante anos até a morte brutal e covarde. Meu coração, minha alma não conseguem assimilar tamanha barbaridade.