Opinião

Redução de danos se apresenta como solução para os fumantes

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/07/2019 04:05
Não faz muito tempo que parar de fumar por conta própria ou com terapia de reposição de nicotina eram as únicas abordagens disponíveis para quem estava pensando em abandonar o cigarro. Mesmo com a chegada do chiclete e adesivos de nicotina, as opções eram mínimas e com resultados variáveis. Hoje, é bem diferente. Surgiu nova geração de produtos de potencial risco reduzido (PPRRs), como vaporizadores, tabaco aquecido, tabaco oral e produtos de nicotina, popularmente conhecidos no Brasil como cigarros eletrônicos, abrindo caminho para alternativas menos prejudiciais do que o fumo e proporcionando maior poder de escolha ao consumidor.

É amplamente reconhecido que a maioria dos riscos associados ao tabagismo se deve às substâncias químicas tóxicas presentes na fumaça produzida quando o tabaco é queimado. Nos PPRRs, não há queima de tabaco e alguns nem mesmo contêm a substância. No mundo todo, a procura por esses novos tipos de produtos de tabaco e nicotina vem aumentando, e o mais importante é que eles contam com o respaldo de um crescente conjunto de evidências científicas que mostra seu potencial de redução de danos em comparação com o cigarro tradicional.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) segue debatendo o tema, que será tratado em audiência pública com a sociedade civil no início de agosto, em Brasília. Espera-se que a reunião traga à luz informações científicas e relevantes, de forma democrática. Somente desta forma, a sociedade poderá ser beneficiada, pois terá acesso a dados concretos, estudos e informações respaldadas por especialistas no tema, permitindo assim aos cidadãos tomarem a decisão mais acertada. A audiência é uma das etapas do processo que levará à regulamentação da comercialização desses produtos no país, cada vez mais urgente, considerando que atualmente os vaporizadores ou THPs são facilmente comprados em sites on-line, de forma ilegal e sem controle.

É consenso entre cientistas e médicos que a única maneira de eliminar todos os riscos à saúde associados aos produtos de tabaco e nicotina seja não usá-los. No entanto, também é consenso que sempre haverá aqueles que optarão pelo tabagismo, se não houver alternativas viáveis disponíveis. Portanto, uma abordagem de redução de danos pode ser uma peça crucial no quebra-cabeça. O princípio dessa teoria está em reconhecer que algumas pessoas continuarão fazendo algo potencialmente ruim ou perigoso, mesmo sabendo dos riscos, e que é preciso encontrar soluções. Essa abordagem vem sendo usada com sucesso em vários contextos, inclusive no uso excessivo de drogas. Por exemplo, acidentes com automóveis são uma das principais causas de mortes, mas, embora saibamos dos riscos, a maioria ainda escolhe dirigir. O uso obrigatório de cintos de segurança ou capacetes está evitando mortes em todo o mundo.

Muitos órgãos de saúde pública valorizam a função dos PPRRs, em comparação com o tabagismo tradicional, na redução dos danos. Por exemplo, a Agência de Saúde Pública da Inglaterra afirma que usar vaporizadores é 95% menos prejudicial do que fumar cigarros. Recentemente, o Canadá legalizou os vaporizadores, reconhecendo sua relevância na redução dos danos do tabaco, e a Suécia reconhece o uso do ;snus; (tabaco oral sem fumaça) como uma forma de reduzir as doenças relacionadas ao fumo. Os aquecedores de tabaco ; que usam tabaco e um dispositivo eletrônico para aquecê-lo sem causar a combustão ; também permitem uma grande redução de substâncias tóxicas, porém há menos dados independentes sobre seu potencial de risco reduzido do que produtos vaporizadores e, por isso, não receberam tanto apoio de pesquisadores de saúde como os vaporizadores.

Um número crescente de estudos também mostra que os PPRRs podem ajudar as pessoas a abandonarem o tabagismo, como o conduzido pelo professor Peter Hajek, da Queen Mary University of London. Ele revelou que os vaporizadores são quase duas vezes mais eficazes para quem está parando de fumar do que a terapia de reposição de nicotina. Ainda muitas outras pesquisas precisam ser realizadas nessa área e, na British American Tobacco (BAT), continuamos investindo pesado em estudos científicos, construindo um banco de pesquisas e usando esses dados para impulsionar programas de pesquisa e desenvolvimento.

Com base no que sabemos hoje, não fazer nada e não oferecer produtos diferenciados seria um erro, ignorando o enorme potencial que apresentam na redução dos riscos de fumar. Partindo desse pensamento, continuaremos trabalhando duro para acelerar nossa antiga ambição, de transformar o tabaco, e proporcionar um futuro melhor para os nossos consumidores.




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