Opinião

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Esquerda e direita no ringue

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 02/08/2019 04:06
Dois casos graves de caráter estritamente pessoal, envolvendo questão de vida e morte, antepõem, de forma raivosa duas personalidades do momento, no caso, dois presidentes. Um da República e outro da Ordem dos Advogados do Brasil. Trata-se de uma briga que vem de longe e vai ganhando capítulos novos à medida que esses personagens encontram brechas para fustigar um ao outro.

O confronto, que dura quase uma década, poderá ir parar no Supremo Tribunal Federal, com um desfecho inesperado. Poderá, inclusive, alterar os rumos da atual história do país. Espera-se, até para o bem público, que tudo termine de forma a não complicar ainda mais a tão sofrida situação econômica, social e política do País.

Na queda de braço, entram também elementos com nítidos vernizes políticos-ideológicos, colocando, de um lado, uma esquerda que, apesar de controlar hoje instituições como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a OAB, foi derrotada pela deposição de uma presidente em 2014, e pela prisão do principal representante dessa corrente, condenado por crime comum.

No outro canto da batalha, o que se vê, é uma direita renascida dos escombros do que restou da própria esquerda, flagrada sem medo de se expor. A direita, representada por ex-militar, que vem partindo para um confronto aberto com o todo-poderoso presidente de uma Ordem composta por nada mais nada menos do que 1,1 milhão de advogados.

Esse desentendimento, bem ao estilo do país do ;homem cordial;, descrito em Raízes do Brasil, de 1936, engloba questões de sangue. De um lado, tem-se o desaparecimento e morte de um ex-guerilheiro urbano, realizado pelas forças do Estado, durante o período militar, quer assassinado pelos próprios companheiros de armas, como eram chamados os ;justiciamentos; em nome da ;causa; e do ;aparelho;. No outro canto, aparece o candidato a presidente da República, vítima de uma tentativa de assassinato, em meio à multidão de simpatizantes e que não pode conhecer os mandantes do crime, nem quem financiou a defesa do criminoso, transformado, da noite para o dia, em louco e, portanto, inimputável.

Os nomes desses dois antagonistas foram propositalmente excluídos para não reforçar a ideia de que uma República, do tamanho do Brasil, pode se render e ser perturbada por intrigas. Também a história ensina que fatos corriqueiros e aparentemente sem maiores importâncias se transformam em conflitos generalizados, como o foi o caso do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em 1914, que acabou deflagrando a Primeira Grande Guerra.


A frase que foi pronunciada

;O senhor é um mentiroso!”, gritou um.
;E o senhor é um caluniador!”, esbravejou o outro. Foi a vez de Quintino Cunha: ;Agora que os dois já se apresentaram, podemos continuar os debates;.

Publicada no O Povo, do Ceará


Oportunidade
; Caio Coelho, diretor da Vale Export ; Associação dos Produtores de Frutas do Vale do São Francisco, comemora a abertura comercial entre Mercosul e União Europeia. Pernambuco exportou no ano passado quase US$2 bilhões. Nos cinco primeiros meses deste ano, está alcançando a marca dos US$ 500 milhões. Combustíveis, frutas secas e frescas, álcool e açúcar estão na liderança.


Vida no mundo
; Enquanto assuntos paroquiais vão ocupando os brasileiros, insetos feitos em laboratórios norte-americanos provocam polêmica se serão mesmo aliados ou podem se transformar em armas biológicas.

Doutorado
; Primeira mulher indígena conquista título de doutora em antropologia na Universidade de Brasília. Eliane Boroponepa é professora do povo Umutina, que vive no Mato Grosso, e defendeu as transformações na educação em sua comunidade e a importância da escola indígena para preservação cultural.

CLDF
; Brasília sediará a 16; Conferência Nacional de Saúde, entre 4 e 7 de agosto. O anúncio foi feito na Câmara Legislativa pelo deputado Jorge Viana, que afirmou total apoio ao SUS e lamentou a triste notícia dos cortes nos recursos para a saúde no Orçamento do DF.


História de Brasília

O deputado Aurélio Viana, falando na Câmara, fez galhofa em torno do patriotismo de muita gente, no que tem inteira razão. E para terminar, fez blague: Enquanto houver cargos para nomear, o ministério só cairá se quiser.
(Publicado em 26/11/1961)

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