Opinião

A chaga da violência

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 03/08/2019 04:05
A escalada da violência, qualquer que seja sua modalidade ou expressão, é sempre o sintoma de um mundo gravemente enfermo, porque, a pessoa humana, sujeito de direitos e deveres, é atingida em sua dignidade essencial. E, por isso, a sociedade está ameaçada em seus fundamentos. Em nosso país, a violência contra a mulher. Espancamento, estupro, assassinato de crianças, jovens e adultos. É uma praga que assola nossa sociedade e deve ser combatida a qualquer custo. O papa Francisco tem se referido a ela inúmeras vezes. Ele pede que se ;promova uma legislação e uma cultura de repúdio a toda forma de violência contra a mulher;.

Por que o ser humano se mostra tão cruel para com seus semelhantes, especialmente os mais frágeis? Por que um animal é cuidado com mais carinho que uma criança, um jovem ou um adulto? Não há explicação racional para isso. São muitos os fatores que, na sociedade atual, contribuem para da violência do ser humano contra o seu semelhante. Assim, a inchação das cidades, a miséria, o consumismo, a exacerbação das paixões, as ideologias radicais, os desajustamentos familiares, a marginalização social, sobretudo, a carência de uma sólida fé religiosa.

Mas o ser humano não é só violência. É também amor, generosidade, capacidade de serviço desinteressado aos outros. Não são poucos os que no tempo de frio doam cobertores e alimentos para seus irmãos nas calçadas de nossas cidades. Fomos criados à imagem e à semelhança de Deus, que é amor. Deus fez homem e mulher para o amor, sobretudo, o amor no casamento. E a amizade de homens e mulheres na sociedade.

É verdade que há condicionamentos sociais que estimulam a violência, bem como, o temperamento do ser humano. Mas isso pode ser superado pela educação e a formação religiosa. São muitos os fatores que na sociedade atual contribuem para a explosão da violência: o crescimento das cidades, a miséria, o consumismo, a exacerbação das paixões, as ideologias radicais, os desajustamentos familiares, a marginalização social, o clima de temor num mundo cada vez mais violento.

Se o trabalho educativo é fundamental para formar a criatura humana para a convivência em sociedade, é indispensável também para extirpar as raízes sociais da violência, para que as pessoas não enxerguem nos outros um inimigo, mas um irmão e amigo. A alternativa diante da qual se coloca a humanidade hoje é: ódio ou amor, terror apocalíptico de uma guerra nuclear ou o reino de Deus, que é fraternidade, justiça e amor.

Se optamos pelo reino de Deus, devemos renunciar a tudo o que é violência e a tudo o que pode contribuir para inflamar as paixões ou criar desatendimentos entre os seres humanos. Não conseguiremos banir a violência com o emprego da violência. Só podemos romper o círculo da violência, respondendo à injúria, à agressão, aos atos violentos com os gestos do perdão e da reconciliação, da fraternidade e da paz. Para os cristãos, a não violência é uma exigência da fé em Jesus Cristo, que exige de seus discípulos a reconciliação antes de levarem uma oferenda ao altar (Mt, 5:24).

Não só a pregação do amor, mas sobretudo o testemunho do amor, vivido até o heroísmo, são essenciais à condição da existência cristã. O cristão jamais pode responder à violência com a violência, a menos que esteja em jogo o direito fundamental à vida. O ato supremo do testemunho cristão não é retirar a vida dos outros para salvar sua própria vida, o que seria lícito, mas dar-se, oferecer-se como vítima inocente. Fazer da ;não violência ativa e criativa um estilo de vida; é o convite que nos faz o papa Francisco.

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