postado em 05/08/2019 04:04
Rick Perry, secretário de Energia dos Estados Unidos, afirmou sobre como suprir energia para os milhões que não a tem: %u201CSe você admite que apoia os combustíveis fósseis, afirmam que você está cometendo um grande erro social, mas são os combustíveis fósseis que trazem o crescimento real das economias%u201D. Afirmou ainda que não existe uma escolha binária entre a proteção ambiental e o desenvolvimento. Pode-se conseguir os dois. E ratificou que é tempo de quebrar a %u201Ccultura da vergonha%u201D sobre o uso de petróleo, gás e carvão.
No mundo da energia, espera-se que deveremos dobrar o consumo até 2050, devido ao aumento da população em 2 bilhões, à urbanização, além da necessidade de prover energia para 10 bilhões que hoje não a tem e 3 bilhões que não contam com um nível adequado de consumo para cozinhar. Para atender a essas necessidades, será preciso utilizar todas as fontes de energia disponíveis, mantendo a segurança, a racionalidade econômica e atendendo ao meio ambiente, dentro da visão da Meta 7 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Por outro lado, a comunidade mundial precisa viabilizar esse crescimento com a redução de gases de efeito estufa definida no Acordo de Paris e da Meta 13 dos ODS. Atender às necessidades energéticas e mitigar as mudanças climáticas não poderão ser feitos sem o uso do carvão, que é o mais estigmatizado de todos os combustíveis fósseis.
Na Austrália, após blecaute ocorrido depois da desativação de usinas a carvão e da falta de energia renovável por motivos do clima, foi lançado o National Energy Guarantee (NEG), que visa atender aos preceitos de confiabilidade e acessibilidade, e a redução dos gases de efeito estufa na sua matriz energética. Entre os principais pontos está a determinação de dispor de fontes despacháveis de baixo custo, nas quais se insere o carvão. No Brasil, temos, seguidamente, estresse hídrico, quando as térmicas dão confiabilidade e segurança do sistema, mas as a carvão mais baratas.
Vemos que nos países em crescimento e nos desenvolvidos há uma visão pragmática de que necessitamos dos combustíveis fósseis, que hoje são 80% da matriz mundial e que permanecerão com mais de 50% em 2050. Ao mesmo tempo em que no Brasil se aplaude os leilões do pré-sal, e a produção de petróleo e gás cresce no mundo, é o carvão que sempre é citado na mídia mundial como o combustível que deve ser eliminado.
Colunistas econômicos brasileiros e outros entendidos em mudanças climáticas, na esteira da mídia mundial, elegem o carvão como vilão. Portanto, é necessário que comunidade ligada ao setor de energia, de mudanças climáticas e de financiamento passem a trabalhar sem o viés ideológico e olhem o segmento energético isento de lobbies de disputa de mercado. A estigmatização de uma fonte energética não ajuda na visão holística equilibrada visando atender às Metas do Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030) defendida pela ONU e pelos países signatários, entre os quais o Brasil.
Precisamos incentivar a redução das emissões, e isso só ocorrerá com apoio das tecnologias de captura de carbono. Em Criciúma (SC), no Centro Tecnológico da SATC, um projeto de R$ 10 milhões desenvolve a tecnologia de captura de CO2, com a operação de uma planta piloto de 2,5 toneladas/dia %u2014 parceria internacional com tecnologias brasileira e americana para reduzir o custo e fazer com que os combustíveis fósseis possam participar da redução das emissões dos gases de efeito estufa. Esse é o caminho, sem viés, da questão energética que afeta a geração de eletricidade e a indústria (cimento, aço etc.), importantes segmentos para gerar emprego, renda e desenvolver o país.