postado em 09/08/2019 04:06
Em tempos de invasão de conversas de autoridades no Brasil, com a prisão de quatro pessoas e a discussão sobre o destino das mensagens obtidas pelo hackers em pauta no Judiciário, existe um receio generalizado sobre a segurança da informação. Desde a deflagração da Operação Spoofing pela Polícia Federal, empresas das mais diversas áreas, como bancos, seguradoras e operadoras de telefonia, intensificaram as medidas para proteger os dados dos clientes. Se de uma forma tão artesanal os bandidos cibernéticos conseguiram extrair mensagens das principais autoridades da República, há o temor de que uma ação orquestrada possa descobrir a vulnerabilidade de sistemas, até então, considerados seguros.
Tanto que profissionais de segurança da informação voltaram a utilizar uma prática antiga para tentar saber mais sobre os atuais hackers brasileiros. Numa espécie de jogo de gato e rato, lançam mão de uma armadilha tecnológica, chamada honeypot, para levar os invasores a um sistema isolado com a finalidade de observar o comportamento deles e reunir dados sobre como agem quando estão numa área restrita. ;Os invasores estão sempre um passo à frente. Então, precisamos saber como eles atuam para poder melhorar os nossos sistemas;, afirma uma profissional de segurança da Tecnologia da Informação do governo federal.
Nessa linha, uma reportagem publicada pela revista norte-americana Wired revela como a aviação civil, uma das áreas fundamentais da sociedade, corre o risco de ser vulnerável. O espanhol Ruben Santamarta, um pesquisador de segurança, afirmou e apresentou dados de que conseguiu entrar em um servidor da Boeing com códigos de controle dos modelos 737 e 787 da empresa. À publicação californiana, a companhia negou qualquer vulnerabilidade, garantindo que não há ;nenhuma ameaça real;, mas Santamarta crava que há falhas que permitem a entrada de hackers no sistema computadorizado de um avião, podendo modificar tanto os canais de entretenimento quanto sensores do voo. Se é possível ou não, só uma investigação acurada poderá apontar a verdade.
Como diz Santamarta à Wired: ;Não temos um 787 para testar, então não podemos avaliar o impacto. Não estamos dizendo que é o dia do juízo final ou que podemos derrubar um avião, mas podemos dizer: ;isso não deveria acontecer;.; Em uma sociedade cada vez mais informatizada, cheia de robôs físicos e bots, é necessário uma atenção especial e constante dos órgãos públicos com a segurança dos sistemas informatizados. Alguém imaginava que os aviões corriam o risco de serem vulneráveis a hackers? Eu confesso que sequer pensava nessa possibilidade ao pegar um voo. E você?