Opinião

O acordo entre Mercosul e União Europeia

postado em 17/08/2019 04:05
No fim de junho, a comunidade empresarial recebe a notícia: a conclusão do acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Um mercado gigantesco que abrange quase 800 milhões de pessoas. Quando retiramos a população brasileira dessa soma, estamos avaliando que as indústrias brasileiras têm à vista 600 milhões de consumidores finais. Devemos lembrar que é altamente provável também uma reforma no Mercosul, para facilitar as trocas comerciais intrabloco, o que aumenta ainda mais a expectativa de maior abertura comercial.

Existe à frente pelo menos três anos para que o acordo ratificado pela União Europeia e pelo Brasil seja internalizado e comece a abertura comercial, que levará entre 10 e 15 anos para ser concluída. Então, pensando em controlar o próprio destino, em vez de pensar que está fadado ao fracasso, como as empresas brasileiras poderiam preparar-se para enfrentar a tão conhecida competitiva indústria europeia?

O primeiro ponto a ser citado é que as empresas necessitam conhecer as próprias ineficiências. Todas têm, sem exceção. Mas quais são? Quanto custa cada uma dessas ineficiências? Raramente, os gestores sabem responder a essas questões. A remodelagem de processos, independentemente de qual ferramenta aplicada, é extremamente bem-vinda, pois impulsionará os líderes a tomarem ciência sobre os problemas e buscar soluções para esses. Ao conhecer o processo como um todo, será mais fácil a identificação dos problemas-raízes e a tomada de decisão terá maior qualidade.

Provavelmente, será possível se inspirar em estudos de casos ou se basear na experiência de bons profissionais para resolver os problemas-raízes. Mas, observando a 4; Revolução Industrial, as soluções também poderiam envolver as novas tecnologias.

Para empresas que não têm sistemas robustos e flexíveis, esse momento se apresenta como grande oportunidade para implementá-los. Duas perguntas simples a serem respondidas internamente: quanto tempo é desperdiçado em etapas que seriam facilmente automatizadas? Quantas multas foram aplicadas por algum órgão que poderiam ter sido evitadas se um sistema tivesse alertado sobre determinada ação?

Aliás, um alto volume de penalidades está relacionado a não conformidades da utilização de regimes especiais. Essas multas prejudicam totalmente os benefícios previstos e calculados no momento da implementação desses nas operações de comércio exterior, com destaque a Recof, Drawback e Repetro.

A implementação de um regime especial ou do supracitado programa pode ser encarado como uma inovação interna. Entretanto, a empresa deve arriscar-se. Para ser competitiva internacionalmente, as empresas devem tornar-se mais inovadoras. Tomemos um extremo cuidado com o autoengano de ;sou inovador; ou simplesmente indicar nos valores da empresa e não implementar uma cultura de inovação. Essa cultura deve ser disseminada em toda a estrutura da empresa. O ambiente interno deve respirar inovação, independentemente da indústria. Observem que a inovação pode estar atrelada, absolutamente, a todos os tópicos anteriores. Para isso, realmente, tornar-se uma realidade, um projeto de mudança de cultura deve ser implementado.

Por fim, o novo ambiente de comércio exterior passará, obrigatoriamente, pela valorização do profissional de comércio exterior. Geralmente, o comércio exterior é entendido como um anexo da logística. Portanto, não necessariamente é encarado como um ponto crucial para a organização. Na próxima década, equipes cada vez mais competentes, eficientes e criativas, que entendam a tecnologia como suporte e não como um rival às próprias atividades desempenhadas internamente, serão vitais para tornar a empresa cada vez mais competitiva.

Sabemos perfeitamente que o governo também necessita fazer o seu papel, com a implementação rápida de políticas industriais, a diminuição de taxas de juros, a simplificação de processos (com destaque para o Portal Único e demais compromissos assumidos perante o Acordo de Facilitação do Comércio), entre outras etapas. Mas as empresas não devem esperar para iniciar projetos internos para tornarem-se mais competitivas. Motivos para isso não faltam.






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