postado em 23/08/2019 04:06
Para iniciar o diálogo sobre o tema, vamos começar com uma pergunta: você já viu ou vivenciou uma situação na qual o professor aponta um erro ao aluno, e esse sai apagando tudo e reproduz a resposta dada pelo professor? Essa é uma exemplificação bastante simples e corriqueira: a resposta da verdade expressa pelo professor cria um abismo entre o que o estudante sabe e aquilo que deveria saber.Esse cenário educacional bastante comum nas salas de aulas traz consigo uma história alicerçada na função da educação que, por muito tempo, manteve o professor no centro das relações ensino-aprendizagem, único detentor dos saberes e delegando o insucesso exclusivamente ao aluno. Não se trata aqui de culpar os envolvidos, mas de situar claramente a função e responsabilidade de cada um.
Então, resgatamos um conceito de suma importância, a autonomia. O estudante deveria ser capaz de justificar suas escolhas autonomamente, em detrimento daquela resposta produzida pela obediência heterônoma. Muitos autores da literatura e experiências nacionais e internacionais apontam que, para a construção do conhecimento, o estudante necessita agir sobre e com os objetos da aprendizagem, assumindo uma postura investigativa sobre os seus próprios mecanismos para aprender. Esse comportamento possibilita ao estudante ser o protagonista do seu percurso formativo.
Nesse sentido, cabe ao educador ajudá-lo a transformar as estratégias intuitivas em conhecimento explícito para desenvolver a capacidade para coordenar e adaptar os conhecimentos construídos em novas situações. Mediante essa intenção, a aprendizagem não pode ocorrer segmentada por definições e modelos, mas na atividade de resolução de problemas enquanto metodologia para a construção das diferentes ideias que compõem um conceito.
Além disso, o conteudismo se distancia cada vez mais das tendências atuais: um ensino estruturado por habilidades e competências. O modelo disciplinar isoladamente implica uma formação fragmentada inviabilizando a capacidade de articular e sintetizar os saberes de forma interdisciplinar. Nessa perspectiva, mais difícil ainda é formar um professor capaz de lidar com gerações tão diferentes dele mesmo e com um currículo escolar no qual predomina a dissonância entre teoria e prática. E quando se trata da licenciatura em Pedagogia no Ensino Superior, essa perspectiva é alarmante!
Convém salientar uma pesquisa de Bernardete Gatti (2010) que, ao estudar os currículos de pedagogia e algumas licenciaturas, indicou que apenas 0,6% deles estavam relacionados ao fazer docente. Também ressaltamos o relatório publicado pela ONG Todos pela Educação, denominado Educação Já, no qual a Pesquisa Profissão Docente indica que 71% dos professores afirmam a formação inicial no ensino superior ser insuficiente para a prática como docente.
Quando o currículo brasileiro é comparado, torna-se visível o não atendimento às necessidades de uma formação integral que corrobore para transformar o país pela educação. Então, como deve ser o currículo da licenciatura para formar professores e estudantes protagonistas? Quando o currículo brasileiro é comparado, torna-se visível o não atendimento às necessidades de uma formação integral que corrobore para transformar o país pela educação. Então, como deve ser o currículo da licenciatura para formar professores e estudantes protagonistas?
Acreditamos que esse caminho passe pelo desenvolvimento do protagonismo do aluno, tendo seus professores atuando como mentores e mediadores na construção do conhecimento, como é o caso da proposta curricular adotada no Grupo Ânima em seu novo curso de pedagogia. São exemplos que merecem ser observados. Fato é que tais indicativos apresentados nos colocam algumas possibilidades. Agora, temos pela frente o desafio de concretizá-lo!