Brasília está de luto e em choque. Por uma daquelas tragédias impossíveis de prever, difíceis de explicar e dolorosas demais para superar. As mortes de Letícia Souza Curado, de 26 anos, e de Genir Pereira, de 47 anos, jogam novamente num abismo, naquele vácuo no qual reverbera só uma palavra: "Por quê?" Com uma diferença de pouco mais de dois meses, ambas entraram no carro de Marinésio dos Santos Olinto achando que se tratava de transporte pirata, em Planaltina.
Elas lutaram contra a tentativa de abuso sexual. O cozinheiro, que, segundo a delegada que cuida do caso, mata sem motivo, as estrangulou e jogou os corpos à margem da DF-250. A polícia chegou ao caso de Genir depois de investigar o assassinato de Letícia, cujo desaparecimento, desde sexta-feira, provocou comoção na cidade. Marinésio está preso, enquanto as autoridades investigam denúncias de outras mulheres que afirmam terem sido atacadas por ele.
[SAIBAMAIS]Não se pode atribuir motivo para tamanha brutalidade. De qualquer forma, só há uma coisa capaz de reparar o mal: a punição. Que seja exemplar em todos os casos, sejam os assassinos maníacos psicopatas, sejam homicidas em perfeita condição mental.
O assassino demonstrou frieza ao detalhar o crime. O diagnóstico de Marinésio não está elucidado, a pena pelo crime cometido não foi imputada. Mas o que ele fez já impôs à própria família e a amigos e parentes de Letícia e de Genir ; e a Brasília, de forma geral, ; perplexidade, indignação e uma dor profunda.
A morte de Letícia e Genir converteu-se numa pena dolorosa para Brasília. Por muito tempo, ficará na nossa lembrança, assim como perdura ainda hoje a tristeza pelos assassinatos de Ana Lídia, Thaís Mendonça, Isabela Tainara, Maria Cláudia, Emilly Cristiny e tantas outras meninas, adolescentes e mulheres vítimas da fúria incontrolável de um homem, seja um homicida sem traços de personalidade doentia, seja um psicopata.
A morte de cada uma delas é uma sentença cumprida por muitos, não apenas pelos criminosos ; esses ainda gozam do direito de progressão por bom comportamento, enquanto às famílias há não progressão da dor. E nós? E os parentes dessas mulheres? Não temos nem a certeza de punição justa. Agora é esperar e confiar na Justiça. Só ela é capaz de amparar os que ficam.