postado em 30/08/2019 04:05
ViolênciaEntre os desabafos da coluna Sr. Redator (29/8), uma leitora faz uma reflexão verdadeira: ;Se denúncias e apurações tivessem sido feitas antes, não precisaríamos chorar por Letícia;. Mas quem foi morta antes? Uma ajudante de cozinha, provavelmente (quase certo) sem amigos e parentes influentes, a quilômetros de distância do centro do Poder. Letícia Curado, ao contrário, era advogada, funcionária do Ministério da Educação e, há pouco tempo, aprovada em concurso do Ministério Público da União. Para as instituições de Estado, havia uma distância abissal entre ambas, medida pela condição socioeconômica e pela escolaridade. A pressão para que a Polícia chegasse ao assassino de Letícia foi infinitamente maior que a do caso de Genir de Souza. Não importava se ambas as vítimas eram mulheres, com família e filhos que, inevitavelmente, chorariam a perda da mãe. Longe de querer apelar à leviandade, ou à maledicência, fica uma sensação de seletividade nas investigações policiais, como se a importância das pessoas fosse medida pelo status social e econômico que desfrutam. Se a advogada Letícia não tivesse mobilizado o contingente policial de três delegacias, quem saberia que além de Genir, provalmente, outra mulheres, teriam sido vítimas de um serial killer? No fim, se no primeiro caso, a investigação fosse iniciada, independentemente da condição da vítima, provavelmente, outras vidas teriam sido poupadas,.
; Teresa Barbosa,
Octogonal
Transporte
Nessa quinta-feira, tivemos um grave acidente escolar com vans de transportes escolares de alunos em Brasília. Nota-se uma grande repetição de acidentes, em que se pese estar ou não regularizado esse tipo de transporte. Muitas organizações sindicais e associativas locam esse veículo, sem se saber se é ou não seguro ou regular. Na semana passada, uma advogada foi covardemente assassinada pensando que o transporte que lhe ofereceu lotação fosse um piratão e o era, porém, irregular muito comum em Rajadinha e Planaltina perto do Vale do Amanhecer. Entretanto, falta um maior controle de se fiscalizar e combater a pirataria cada vez mais ousada no DF por falta de opções decentes de transporte coletivo na cidade. Sugiro que sejam feitos debates na Câmara Legislativa e na Ordem dos Advogados do DF (OAB-DF) versando sobre esse caos na mobilidade no Distrito Federal, onde a cada dia estamos correndo riscos de assaltos, graves acidentes e até morte.
; Simão Szklarowksy,
Asa Sul
Povos indígenas
Em meio à fumaça, decorrente das queimadas que criou uma nuvem densa de tensão por todo o país, a bancada ruralista na Câmara dos Deputados aproveitou o embaçamento da opinião pública e aprovou, sem estardalhaço, a exploração mineral e o desenvolvimento de agropecuária em terras indígenas ; redução dos territórios demarcados. Mais uma ação que contraria a Constituição Federal de 1988 e que vai incitar a ira dos ambientalistas, antropólogos e outras categorias contra o Congresso e, bem provavelmente, contra o governo federal. Mais uma vez, o Brasil ganhará machetes negativas no noticiário internacional. Ainda prevelace a equivocada ideia de que o que é bom para os não índios é excelente para os povos originários do país. Tem-se como providência essencial a aculturação dos povos indígenas. Acredita-se que melhor modelo foi o norte-americano que exterminou com as etnias daquele país, num processo enlouquecido de genocídio. Os povos indígenas brasileiros ocupam cerca de 12% do território nacional. Restam 88% para serem explorados e assegurar qualidade de vida aos não índios. Se em mais de 500 anos isso não foi possível, e ainda há mais de 5 milhões de famintos, não será com 13% de terras a mais que o país conseguirá entrar na lista das nações desenvolvidas.
; Giovanna Gouveia,
Águas Claras
Amazônia
Na edição de quarta-feira última, dois artigos chamaram a atenção: A Desaceleração Global e a Visão do Correio sobre a Amazônia. Embora sobre temas diversos, na atualidade, são extremamente ligados, como tudo o mais. O mundo, como foi desenhado pelas sucessivas gerações humanas, segue um modelo esgotado, em todos os sentidos. A economia precisa de um consumo cada vez maior de bens pela população e explora de forma não sustentável os recursos naturais. Os países chamados de primeiro mundo só tornaram os povos mais infelizes, com a exploração dos mais fracos. Se as maiores potências econômicas mundiais pretendem intervir na Amazônia para de lá sobreviverem mais tempo nesse modelo predatório, só vão adiar o colapso global, tanto econômico quanto ambiental. O mesmo acontecerá se o Brasil seguir esse intento. Os seres humanos precisam reconhecer os seus erros presentes e passados e adotar modos de vida mais naturais, menos acelerados e apreciarem o verdadeiro sentido do viver. A vida passa rápido e chegar ao fim dela com sentimento de que foi em vão não é aconselhável. Dessa vida, só se leva a vida que se leva, como já disseram.
; Humberto Pellizzaro,
Asa Norte