postado em 30/08/2019 09:00
Não dá para soltar foguetes, mas foi recebida com alívio a notícia do crescimento de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Havia o temor de que a economia apresentaria índice negativo pelo segundo trimestre consecutivo ; no primeiro, a queda foi 0,1% ;, o que configuraria recessão técnica, cenário que não poderia ser pior para o país, justamente quando todas as expectativas se voltam para a urgência da retomada econômica. Diante do resultado, divulgado, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fala-se em taxa de até 1,1% para este ano ; previsões mais pessimistas eram de, no máximo, 0,4%.
A reação ainda é muito tímida, mas sinaliza que os investidores começam a recuperar a confiança no Brasil, sobretudo por causa do desempenho do setor industrial, que cresceu 0,7%, e da volta dos investimentos. Até agora, a indústria era a grande preocupação dos economistas, já que passou longo tempo sem esboçar reação ; apesar de todo seu potencial ;, desde o período recessivo de 2015 a 2016, momento em que o país enfrentou crise sem paralelo em sua história recente, fruto de políticas populistas sem qualquer compromisso com o equilíbrio fiscal.
[SAIBAMAIS]Os principais desempenhos nos formadores do PIB foram os setores de transformação (2%) e da construção (1,9%), importantes indicadores de que a roda da economia está reagindo. Por outro lado, o segmento de serviços também puxou para cima o PIB registrado entre abril e junho, com crescimento de 0,3%. Também houve resultados positivos nas atividades imobiliárias (0,7%), comércio (0,7%), informação e comunicação (0,5%). As quedas mais acentuadas foram na agropecuária (0,4%) e nos segmentos de administração, defesa, saúde e educação pública e seguridade social, transporte e armazenagem.
Todos esses números foram recebidos com certo alívio pelos analistas. No entanto, ainda existem muitas dificuldades pela frente para que o país retorne aos trilhos seguros do pleno desenvolvimento, única maneira de enfrentar o maior problema dos últimos tempos: o desemprego de mais de 12 milhões de brasileiros. O cenário externo preocupa, principalmente a crise na Argentina, que pediu moratória de sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O país vizinho é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e principal comprador de produtos manufaturados brasileiros. Além disso, há a guerra comercial entre Estados Unidos e China e o receio de uma recessão mundial.
Apesar das dificuldades no plano internacional, as expectativas são positivas para o segundo semestre. A aposta é na recuperação do forte setor agropecuário, na liberação de recursos do FGTS, que devem estimular o consumo das famílias, e na aprovação das necessárias reformas. O certo é que o modesto crescimento no segundo semestre traz certo otimismo à economia. No entanto, o país ainda precisa fazer o dever de casa e promover as mudanças necessárias para a consolidação do crescimento.