Educação
A transformação das escolas públicas de educação básica em colégios militarizados, a defesa da gestão educacional proposta e executada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) e conduzida pela Polícia Militar como solução dos problemas da educação pública, salvo melhor juízo, expressam o retrocesso em curso no país. As diversas inconstitucionalidades e ilegalidades, algumas delas identificadas como violar a Constituição ao não respeitar pontos como a liberdade de expressão e o pluralismo político, assim como militares sem qualquer formação pedagógica exercendo a orientação pedagógica, são consequências do grande equívoco político, pedagógico e social. Significa declarar a inviabilização da gestão educacional democrática, consagrada na Lei das Diretrizes e Bases da Educacional Nacional (LDB, Lei n; 9.394 de 1996) e na Meta 19 do Plano Nacional de Educação (PNE, Lei n; 13.005 de 2014), transformando-a em uma questão de segurança e controle. Entretanto, as escolas militarizadas também têm diversas vantagens, pois é possível deparar-se com um ambiente seguro, livre da criminalidade e da violência escolar, onde não raros são os casos de agressões a alunos e professores, abusos e até mesmo tráfico de drogas dentro das próprias instituições de ensino. Vale ressaltar que o Brasil é o primeiro colocado no ranking de violência nas escolas, conforme comprovou pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Acredita-se, com a gestão compartilhada e respeitado o viés de cada segmento, a questão da violência possa de fato ser resolvida com a militarização escolar, deixando exclusivamente a orientação pedagógica para o corpo docente.
; Renato Mendes Prestes, Águas Claras
Emprego
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre ameniza um pouco a desesperança que tomou conta dos brasileiros no decorrer dos oito meses de governo do presidente Jair Bolsonaro. Deus ajude que nossa economia prossiga dando sinais de recuperação e que os mais de 12 milhões de brasileiros desempregados possam ver as portas se abrindo para a geração de emprego. Tomara que não demore muito para que o período de vacas magras chegue ao fim. Estamos precisando de boas notícias. Chega de desesperança. O voto de 2018 foi para pôr fim às lambanças.
; Jeovah Ferreira, Taquari
Previdência
A demora do Congresso em aprovar as medidas econômicas sinaliza para a sociedade que a maioria não está preocupada com os mais de 12 milhões de desempregados. O texto da reforma da Previdência, aprovado pela Câmara, será modificado pelo Senado. Isso significa que a proposta terá que retornar à Casa de origem para que os deputados avaliem as mudanças e decidam se aceitam ou não. Tudo se arrasta por muito tempo nas duas casas legislativas. Na maioria das vezes, o resultado é péssimo para a sociedade, principalmente para os trabalhadores, pois o que conta são os interesses particulares dos deputados e senadores. Enquanto isso, o INSS está transbordando de pedidos de aposentadorias. Quem não se lembra da reforma trabalhista, que reduziu direitos dos trabalhadores. A promessa é que a reforma abriria o mercado. Não aconteceu. A incerteza sobre o que restará da Previdência Social é que leva muita gente a antecipar a aposentadoria, mesmo que signifique prejuízo. Penso que é melhor ter pouco a não ter nada.
; Paulo Cristino Morais, Asa Sul
Sofrimento
Não bastasse o sofrimento dos pais que têm filhos internados na unidade de reeducação de São Sebastião, ele padecem mais ainda nos dias de visita. Não há transporte público para o local, a partir do terminal rodoviário daquela cidade. Os país e familiares são obrigados a colaborar com uma irregularidade, para a qual o poder público faz vista grossa: apelar para o transporte pirata ou se submeter à exploração dos mototaxistas, que cobram de R$ 6 a R$ 10, por um trajeto que dura cerca de cinco minutos, correndo todos os riscos decorrentes de um veículo em duas rodas. Se a opção for o carro que faz, ostensivamente, transporte pirata, a tarifa varia entre R$ 8 e R$ 10. Tudo isso por falta de ônibus. Quem tem filho ou parente em uma dessas unidades é pobre. Não teve dinheiro para pagar um bom advogado e livrar o adolescente do regime de privação de liberdade. Mas o que isso importa para o poder público? Nada. Para as autoridades (nem todas, é claro), tanto faz se o adolescente terá ou não visita. O grau do descaso está, sem dúvida, associado ao padrão socioeconômico do jovem, muitas vezes cooptado para o descaminho exatamente pelas privações enfrentadas desde a infância. O governo, que se diz preocupado com a infância e a juventude, pode, se assim o quiser, dar uma solução ao problema que martiriza pais que tentam resgatar seus filhos dos erros cometidos.
; Ricardo Mesquita, Jardim Botânico
Trote
Um jovem de 17 anos foi internado em estado de coma induzido após participar de um trote na Universidade de Brasília. Não é de hoje que os trotes nos calouros que chegam às universidades levam a tragédias. Isso não ocorre só na UnB, mas em todo o país. A cada ano, esse tipo de brincadeira (se é que se pode denominar dessa forma) fica ultrapassado. Trote, seja ele qual for, é algo muito ruim e deveria ser abolido nas universidades. A comemoração dos vestibulandos aprovados, tão logo tomem conhecimento do resultado, ainda é tolerável. Mas trote, não. Os danos que podem causar aos que venceram uma das mais importantes etapas do processo educacional e chegaram à universidade não podem frustrar as expectativas cultivadas pelos jovens e sua família, devido a brincadeiras perigosas, como costumam essas troças irresponsáveis.
; Maria Eugênia Barbosa, Asa Norte