Opinião

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 03/09/2019 04:05
Brasília, assustadora à luz da Lua

Quando a noite chega, e a escuridão toma conta de tudo, áreas consideradas nobres ficam entregues a grupos de marginais que perambulam de um lado para o outro em busca de oportunidades. Quem circula pelos principais pontos turísticos da capital ou pelass áreas centrais constata não só o abandono dessas regiões pelo poder público. Os transeuntes displicentes ficam expostos aos perigos que representam um grande número de pessoas desocupadas, incluive menores, que ocupam essas regiões consumindo drogas e praticando pequenos delitos, além de abordar de forma agressiva os passantes. O policiamento é escasso e, normalmente, feito por viaturas que circulam no cumprimento de uma rotina meramente burocrática e que não chega a inibir a ação dos desocupados notívagos.

A não ser por um bêbado ou um outro boêmio, a cidade e seus habitantes dormiam em paz. Hoje, circular à noite por muitas áreas do centro da cidade, num raio de aproximadamente cinco quilômetros em torno da Rodoviária do Plano Piloto, é correr sérios riscos, inclusive de morte.

O círculo vicioso começa pelo abandono de algumas áreas centrais da cidade pelo poder público e culmina na tomada desses lugares por desocupados e criminosos de todo o tipo. Além dos riscos à integridade das pessoas e ao seu patrimônio, a desvalorização dessas áreas acarreta prejuízos para o comércio e para a arrecadação de tributos.

O toque de recolher imposto aos cidadãos de bem cria, dentro da capital, regiões dominadas pelo poder paralelo ao Estado e demonstra, de forma clara, que essa é uma situação que o poder público parece ter perdido todo o controle. Quem vive próximo a essas regiões se vê obrigado a mudar a rotina, evitando alguns pontos, evita sair à noite e não circula desacompanhado. A falta de segurança, aliada à depreciação de muitos imóveis, por conta da crise econômica, envelhece precocemente a capital, desestimula investidores, afugenta consumidores e cria um ambiente de decadência acelerada, que se estende a outras regiões, contaminando todo o conjunto urbano.

Muitos brasilienses vão se dando conta de que os altos custos para viver próximos as áreas centrais da capital já não compensam. Os valores exorbitantes de impostos como o IPTU, taxas de iluminação e de limpeza pública, de condomínios, somados à cobrança de água, luz, transporte, e de outros serviços, simplesmente se perdem na ineficácia e na inexistência de retorno em serviços desses tributos para os cidadãos.

Ao avanço da decadência precoce e da tomada dessas regiões nobres e centrais da cidade por desocupados e marginais, o jeito , adotado por muitos, é empreender um recuo tático para outros sítios mais seguros, de preferência para bem distante, inclusive do Brasil.


A frase que foi pronunciada

;Se a vida começa aos 40, por que nascemos com tanta antecedência? ;
Mafalda


Onde há fumaça
; Lixões no DF nascem com o trabalho de catadores. Alguns queimam pneus, outros queimam o que não for reciclável. Aliás, a fumaça das queimadas é o que marca o início da construção dos barracos em volta do lixo. Várias fotos nos foram enviadas pela leitora Maria Luiza Nogueira. Lixão clandestino entre a Candangolândia e o Guará; acima da UPA do Núcleo Bandeirante e no Setor de Clubes Sul. Veja no Blog do Ari Cunha.


Oportunidade
; Alexandre Dias, do Instituto Brasileiro de Piano ,e Naná Produções trarão para Brasília Cristian Budu, um dos maiores pianistas da nova geração para apresentação única. Dia 14 próximo, às 20h, no auditório do Centro Cultural ADUnB. Ingressos de R$ 200 a R$ 260, pelo eventim.com.br


Ouvidorias
; Edital n; 01/2019 trata do 4; Concurso Melhores Práticas em Ouvidoria Pública. Com a promoção da Ouvidoria-Geral do Distrito Federal, órgão da Controladoria-Geral do DF (CGDF), um formulário descritivo deverá ser preenchido até 31 de outubro. A iniciativa é importante, primeiro, por informar a população de que todos os órgãos do GDF têm uma ouvidoria e, segundo, para saber qual delas, além de ouvir, resolve.


Lágrimas
; Uma linda história em um hospital público de Brasília. Um andarilho buscou ajuda e encontrou uma enfermeira que cuidasse das feridas. Com o corpo débil pela vida injusta, encontrou quem lhe cortasse o cabelo, as unhas, desse um banho. Sentindo sua dignidade de volta, morreu. Tão solitário, despertou a piedade de tanta gente. O hospital não é mais o mesmo depois de sua passagem por lá.


História de Brasília
O que aconteceu em Sobradinho é uma advertência à Novacap, para que não dê comida de graça a ninguém. A fome de um trabalhador não se mata com a humilhação de uma esmola. Comida não é coisa que se dê sem a recompensa de uma produção. (Publicado em 29/11/1961)

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação