postado em 10/09/2019 04:06
Somos ricos, mas não sabemos dissoNuma análise simples, é possível verificar que o potencial da biodiversidade de regiões, como a Amazônica, é infinitamente maior do que a criação de gado, a mineração e outros. Para se ter uma ideia o guaraná, a castanha-do-pará, a andiroba, a copaíba e outros produtos que antes tinham pequeno valor econômico, hoje, são bem cotados dentro e principalmente fora do país.
O caso do açaí é exemplar. Hoje, essa fruta tem uma produção de 250 milhões de toneladas e é consumida em todo o mundo, gerando riqueza e, principalmente, mantendo a floresta em pé. Apenas com relação a esse único produto, já se sabe agora que a semente e o palmito do açaí possuem, também, múltiplos e fantásticos usos, o que pode aumentar ainda mais o valor desse produto nos mercados interno e externo. Essa fruta, até pouco tempo desconhecida da maioria dos brasileiros de outras regiões, gera em divisa para a Amazônia US$ 1,8 bilhão ao ano. Na indústria mundial, esse valor, diz, é 10 vezes maior.
E esse é apenas um produto. Portanto, é preciso entender essa diversidade biológica a partir do biomimetismo, ou seja, entendendo como a natureza resolveu certos problemas. Nesse ponto, o cientista Carlos Nobre cita o exemplo de uma colega da Amazônia, que, por meio da observação da garra da formiga cortadeira daquela região, desenvolveu uma pinça cirúrgica muito mais eficiente e que hoje está sendo muito usada em outras partes do mundo. A Amazônia será o grande celeiro de conhecimento da bioeconomia. Para esse respeitado pesquisador, temos que ter um profundo orgulho nacional de criar um modelo de desenvolvimento e sermos o primeiro país tropical a vir a ser desenvolvido graças à nossa própria biotecnologia.
Temos, ainda, segundo Carlos Nobre, que aprender e respeitar o valor, com repartição de benefício, do conhecimento tradicional, sobretudo das comunidades indígenas, que possuem um grande conhecimento da riqueza dessanossa biodiversidade. Temos que ser descobridores da nossa biodiversidade e não copiar outros países, para tanto teremos que fortalecer muito nossa capacidade científica. O caminho é longo. É necessário ter essa autonomia, essa vontade, preparar o país, reforçando nossas pesquisas científicas internas.
Segundo Carlos Nobre, a pesquisa em nosso país, nos últimos anos, tem ido totalmente na contramão do que vem sendo em outros países. Nossas pesquisas, diz o cientista, estão sendo abaladas, desprestigiadas, e mesmo massacradas, o que prova que a ciência brasileira continua a não ser vista estrategicamente por aqueles que estão no comando do país. Na medida em que as pesquisas científicas no Brasil não são vistas como elemento central de desenvolvimento, o que teremos pela frente é o caminho do retrocesso muito mais perigoso, a longo prazo, do que as próprias crises políticas que agora experimentamos com a descoberta dessa avalanche de casos de corrupção.
Desprestigiar a nossa ciência, avalia, amputa a capacidade do Brasil de crescer a longo prazo. É preciso, ainda, deixar claro que a biotecnologia e a bioeconomia são ciências interdisciplinares, até mesmo transdisciplinar, e que envolvem não apenas biólogos, mas bioquímicos, engenheiros de biotecnologia, físicos, químicos e todo o amplo conjunto de técnicos, que vão transformar toda essa riqueza biológica em bem-estar social para os brasileiros. Temos, portanto, segundo acredita o cientista, como missão, daqui para frente, pensar um modelo brasileiro e tropical de desenvolvimento com base em nosso principal ativo, que é a nossa riquíssima biodiversidade, que teremos que proteger contra as investidas cegas de outros setores da economia, como vem sendo feito, por exemplo, pelo agronegócio.
A frase que foi pronunciada
;A força persuasiva da doutrina não depende da verdade que emana, mas, sim, dos efeitos que produz. Aqui, nesta faixa de terra, muitas pessoas renasceram.;
Alberto Maggi, estudioso da Bíblia e arqueologista italiano
História de Brasília
Depois da crise, quando o senhor foi embora, e deixou a gente na expectativa de muitos dias, todos nós ficamos com raiva. E quando seus amigos diziam que senhor tinha viajado para ;não se desgastar;, a raiva aumentava mais ainda, porque nós estávamos nos desgastando demais, e o senhor é o chefe. (Publicado em 30/11/1961)