Opinião

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postado em 11/09/2019 04:05
Violência

A maioria da população brasileira (55,8%), pretos e pardos, ainda enfrenta substancial invisibilidade social. O cenário se agrava quando os olhos se voltam à mulher negra, duplamente vulnerável. Lamentavelmente, vivemos em uma sociedade machista. São elas as que mais morrem. Segundo levantamento do Atlas da Violência 2019, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foram registrados 4.936 assassinatos de mulheres no Brasil em 2017, uma média de 13 por dia, o maior índice em uma década. Na maioria dos casos, as vítimas eram mulheres negras (66%), foram mortas por armas de fogo e grande parte dos crimes ocorreu dentro da residência. Trata-se de situação preocupante e alarmante, ante o aumento de 22% nos assassinatos. Esse ano, comemoramos 131 anos de abolição da escravatura, uma abolição inconclusa, pois as mulheres negras ainda não são reconhecidas como sujeitos de direitos e estão na base da pirâmide social. A principal questão é que o Brasil é um país racista, muito por causa dos mais de 300 anos de escravização dos negros, mas não se assume como tal, diante de uma sociedade dissimulada e fingida. Dessa forma, o Estado não promove políticas públicas adequadas e de efetivos resultados e tampouco atua com a importância que o tema merece. É de responsabilidade do Estado garantir o pleno desenvolvimento da população independemente da origem étnica ou cor da pele, assim como devemos responsabilizar a sociedade civil pela desigualdade racial. Embora, a sociedade civil não seja culpada pelo nosso passado escravagista, mas é responsável pelos privilégios herdados desse sistema que são confundidos com ;direitos e meritocracia;. Ou seja, ainda persiste a desumanização da população negra. Portanto, é fundamental a adoção de cotas raciais em todas as esferas. Cotas é reparação histórica!
; Renato Mendes Prestes,
Águas Claras


Lava-Jato


Do Supremo Tribunal Federal pode-se esperar qualquer decisão, inclusive a de assumir competências legislativas. Entretanto, agora extrapolou um pouco mais. Três ministros resolveram criar um inédito dispositivo de direito processual penal. Embora o Código de Processo Penal estabeleça expressa e claramente que o prazo de apresentação das alegações finais seja comum aos réus, os três ministros, ignorando a lei, estabeleceram que determinados réus devam apresentar suas alegações finais após outros determinados réus. Alteraram, via judicial, uma norma jurídica que vigora pacificamente há 79 anos. O absurdo é que em oito décadas, milhares de ministros dos tribunais superiores, desembargadores, juízes, procuradores e promotores não haviam ainda percebido que estavam todos enganados. Só os três luminares notaram! E ainda, ato contínuo, anularam a sentença que condenou o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, a 11 anos de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Essa grave distorção se soma à suspensão das atividades investigatórias do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), decretada monocraticamente pelo ministro presidente, o que paralisou o andamento de centenas de investigações e inquéritos criminais que envolvem políticos e magistrados. Essa teratologia tem nome: guerra contra a Operação Lava-Jato, na tentativa de extingui-la e a consequente a soltura de condenados, como Lula, Eduardo Cunha, José Dirceu, Marcelo Odebrecth, Leo Pinheiro, Sérgio Cabral e outros 200.
; Cid Lopes,
Lago Sul


Democracia


Eduardo Bolsonaro, o orgulhoso filho do presidente, foi com revólver na cintura, visitar o pai recém-operado. Vergonhoso e patético. Pelo jeito, a sabatina do fritador de hambúrguer no Senado promete fortes emoções. Trump também adorou o desprendido e singelo gesto juvenil do amigo de infância. A atitude vergonhosa do filhote aprendiz de diplomata levou boas energias ao sorridente capitão e ao tranquilo ambiente do moderno e seguro hospital. Por sua vez, nessa linha de deboche explícito, o irmão e vereador Carlos criticou pelas redes sociais a importância do regime democrático. Oremos.
; Vicente Limongi Netto,
Lago Norte



Constrangimento


Sinceramente, não sei qual das duas cenas é mais insólita, constrangedora e sem cabimento: um procurador declarar que um salário de R$ 24 mil líquidos é um ;miserê;, ou um deputado federal, candidato a ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos, se mostrar junto ao leito do presidente da República portando uma pistola automática na cintura?
; Paulo Molina Prates,
Asa Norte


;
O salário mínimo chegará a pouquíssimo mais de R$ 1mil no ano que vem. O valor é insuficiente para qualquer pessoa ter vida digna, o que implica alimentação correta, locomoção, vestuário, educação e lazer. Nesse cenário miserável, um procurador reclama por ganhar R$ 24 mil mensalmente. Ele debocha da sociedade, com mais de 12 milhões de desempregados. E o que dizem, então, os mais de 5 milhões que passam fome neste país, onde não há política de enfrentamento da miséria?
; Evaristo Carvalho,
Lago Norte






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