postado em 11/09/2019 09:00
Era impossível permanecer impassivo ante tanta dor. Uma mulher chora compulsivamente. Ao fundo, o barulho mortífero dos aviões se chocando e explodindo com os arranha-céus. Retiro da parede um dos ganchos do telefone e o coloco no ouvido. Vozes de quem não mais está neste plano. Vozes desesperadas, com pedidos de socorro e a certeza do fim iminente. No centro do salão, uma imensa coluna com pichações, objetos colados. O último alicerce do World Trade Center transformado em memorial às vítimas pelos próprios bombeiros. Mais adiante, um caminhão enorme dos heróis com parte da estrutura de ferro retorcida. Protegida por uma cúpula de vidro, a bandeira dos EUA toda suja de poeira e o pôster do pavilhão nacional hasteado em meio aos escombros, em uma imagem que remete à batalha de Iwo Jima, na Segunda Guerra Mundial.Tudo no Memorial e Museu Nacional de 11 de Setembro, em Nova York, é comovente e grande. Mas nada me deu um soco no estômago como aquelas duas piscinas vertendo água eternamente no vazio, em direção ao ;fantasma; das Torres Gêmeas. Como se as lágrimas de uma nação fossem intermináveis. Há exatamente 18 anos, mais de 3 mil pessoas morriam no pior atentado terrorista da história. Algumas perderam a vida quase que instantaneamente, outras tiveram tempo de telefonar para os filhos, pais ou cônjuges para a despedida mais dolorosa que se possa imaginar. Os ataques ao World Trade Center, em Nova York, e ao Pentágono, em Washington, têm raiz no ódio e na intolerância. Em não aceitar a cultura e os valores do outro. Em culpabilizar cidadãos comuns pelas ações controversas de um Estado. Para o horror inimaginável, não cabem quaisquer justificativas.
Há exatamente 18 anos, em uma manhã ensolarada de terça-feira, famílias inteiras eram destroçadas pelo terror e por homens que se achavam ungidos em uma missão religiosa: impor um castigo aos ;infiéis;. Os atentados de 11 de setembro de 2001 nos ensinam muito pela dor. A não tolerar a intolerância. A desconfiar de todo o tipo de fanatismo. A não abrir brecha para que atrocidades sejam cometidas em nome de Deus, de uma pretensa moral ou de uma ideologia que se julgue a única aceitável. Todos devemos aceitar o próximo como ele é e entendê-lo como um ser humano que busca a felicidade. Não querer impor uma falsa verdade em nome de um puritanismo também mentiroso. O terror daquele 11 de setembro de 2001 nos obriga a repensar a nossa humanidade e a não nos deixar jamais sermos infectados pelo ódio e pelo diviosinismo. Que ideologias distorcidas jamais nos conduzam ao pior de nós mesmos.