postado em 11/09/2019 04:05
Nosso futuro está na linha do horizonteDefinir o Brasil e sua gente em poucas palavras tem sido um exercício tentado por muitos, desde que por essas bandas a frota de Cabral aportou. Padre Antônio Vieira definindo os homens que aqui viviam no século 17, dizia: ;Cuidam da reputação, mas não da consciência;. Para o poeta Augusto dos Anjos, no século 19, a visão que tinha do Brasil era: ;O homem que, nesta terra miserável, mora entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera.; Na opinião seca e direta do dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues, nosso país era assim descrito:
No Brasil, quem não é canalha, na véspera, será canalha no dia seguinte.; Para o músico Tom Jobim ;o Brasil não é a para principiantes;. O filósofo do Méier, Millor Fernandes, dizia que ;o Brasil está condenado à esperança;. Em comum, esses pensadores ilustres tinham uma visão, digamos, realista e pessimista do Brasil, de sua gente e sobretudo de sua elite letrada, uma gente egoísta e, acima de tudo, ridiculamente vaidosa. Depois da Lei de Abuso de Autoridade, aprovada por um Congresso cheio de culpas e maus presságios, parecíamos ter atingido o fundo do poço da ignomínia, mas, como é de costume, verificamos que esse fundo é só mais uma etapa, e o buraco não tem fim.
De fato, desde que vieram à tona os megaescândalos da Operação Lava-Jato, chegamos à conclusão de que somos realmente um país surreal em matéria de miséria humana, conforme demonstrado nas investigações da polícia ao dissecar as entranhas de nossas elites dirigentes. Neste país, em eterna formação, o único vício que parece fazer sombra à cobiça é a vaidade e a arrogância.
Projeto de lei de autoria do deputado Carlos Bezerra (MDB-MT), feito por encomenda pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), estabelece uma tal ;norma sobre a posição topográfica dos advogados nas audiências de instrução e julgamento;. Em outras palavras, isso quer dizer que os advogados pleiteiam ficar situados, nas salas de audiência, num mesmo plano ou nível de importância dos magistrados.
Essa situação, um tanto exótica, faz lembrar o filme O grande ditador, de 1940. Escrito e dirigido por Charles Chaplin, o filme retrata, com humor ácido, o nazismo e o fascismo em pleno apogeu naquela época. Numa das cenas, Hynkel (Hitler) busca humilhar Napaloni, que seria Mussoline. Ao recebê-lo para uma conversa, aguardou que Napaloni se sentasse. Durante o encontro com o ditador alemão, em Roma, o visitante só poderia se sentar em uma cadeira muitos níveis abaixo, que permitia a Hynkel olhar de cima para baixo o interlocutor, como se tivesse maior autoridade. (Veja a cena no Blog do Ari Cunha). Guardadas as devidas proporções, o que vemos hoje é a mesma vaidade.
A frase que foi pronunciada
;Uma coisa é estar dentro da lei, outra é estar sob a lei. Os que estão dentro da lei são livres, os outros são escravos.;
Santo Agostinho, um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do cristianismo.
Nova reforma
; É chegado o momento, com a reforma trabalhista, de se discutir a modernização dos sindicatos brasileiros à luz do que vem sendo feito em outras partes do mundo, onde essas entidades encontraram nos valores democráticos universais, novas formas de organizar as classes trabalhadoras, libertas das ideologias partidárias.
Velha Brasília
; Quem viveu naquela Brasília, onde todos se conheciam e eram solidários, fica desencantado ao ver as cenas de violência crescentementes veiculadas por todas as mídias. Houve tempo em que, por exemplo, o engenheiro Kleber Farias Pinto ia ao aeroporto apenas para dar carona para os recém-chegados à capital. A solidariedade falava mais alto que a selvageria.
Educação
; Muita gente não sabe, mas o Colégio Militar Pedro II, coordenado pelos bombeiros, é aberto à comunidade. A escola recebe crianças a partir de quatro anos até o 3; ano do ensino médio. Mais informações no Blog do Ari Cunha.
Programa
; Com entrada franca, hoje e amanhã, é dia de concerto no auditório do Centro Cultural da ADUnB, às 20h. A entrada é gratuita. O convite é da UnB, que recebe Coros convidados. A iniciativa é uma parceria da UnB com o Coral Cantus Firmus, Grupos de Regentes de Coros de Brasília e os participantes do I Encontro de maestros Brasil/Argentina.
História de Brasília
Hoje, muitas obras foram recomeçadas. Vi, outro dia, dr. Vasco Viana de Andrade, e ele me disse que está mandando fazer 100 quilômetros de calçadas, e mais do que isto, de meio fio. (Publicado em 30/11/1961)