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Opinião

Visão do Correio: Economia engata a 1ª marcha

Embora tímidos, os números mostram reação que estimula as expectativas por dias menos nebulosos

Boas notícias em economia têm sido raras. Mas, embora tímidos, os números mostram reação que estimula as expectativas por dias menos nebulosos. O crescimento estimado para 2019 passou de 0,81 para 0,85. É pouco, mas pode significar bom começo se o governo avançar na agenda modernizadora. Outros dados confirmam as expectativas.

O volume de vendas do comércio varejista cresceu 1% na passagem de junho para julho. Trata-se da terceira alta mensal seguida e do melhor resultado para o mês desde 2013. O setor de serviços também avançou ; 0,8% no mesmo período. Dois fatores, segundo o IBGE, contribuíram para o resultado positivo. Um deles, o aumento da população ocupada. O outro, a melhora nas condições do crédito.

No trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego recuou 11,8% segundo os dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua, divulgados pelo IBGE. Houve aumento do número de pessoas que atuam na informalidade, mas essa é tendência contemporânea do trabalho. No Brasil e no mundo, a economia cresce sem ampliar a ocupação de mão de obra.

Máquinas e robôs desempenham tarefas antes destinadas aos homens. Em um ano, o mercado brasileiro absorveu 2,218 milhões de trabalhadores, mas apenas 233 mil deles com carteira assinada no setor privado. Trata-se de realidade nova que exige respostas novas. Como dizia Einstein, é insanidade esperar resultados diferentes com procedimentos iguais. Daí a mudança de paradigma. Mas um e outro modelo exigem dinamismo econômico.

Adolfo Sachsida, o secretário de Política Econômica, afirma que os ventos estão soprando com mais força. De acordo com ele, agosto será um divisor de águas, porque encerra um ciclo difícil da economia. E explica: ;Projeta-se recuperação da atividade a partir de setembro deste ano, como resposta dos efeitos iniciais do corte de juros, da elevação da confiança e início das liberações de recursos do saque imediato do FGTS;.

É ingenuidade acreditar que a reação seja robusta, capaz de tirar o país da marcha lenta em que se encontra. Nem o governo nem o cidadão sensato imaginam um salto de crescimento, previsível depois de recessão seguida de estagnação. A expectativa é de um impulso inicial fraco mas contínuo e ascendente. Para o terceiro trimestre, desenha-se expansão de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) ; 0,7% superior ao de um ano antes. Espera-se desempenho mais forte da atividade no quarto trimestre.

A estimativa do governo para o avanço do PIB em 2020 será anunciada no dia 20. Talvez chegue a 2,5%. É importante avançar nas reformas e na agenda modernizadora para que o voo que ora se ensaia não seja de galinha. A hora é ontem. O fantasma de quase 13 milhões de desempregados assusta. Impõe-se pôr mãos à obra. Já.