Opinião

Artigo: As marcas da covardia

Os abusos físicos, psicológicos e sexuais sofridos por crianças e adolescentes, o impacto na vida deles e falhas na rede de proteção foram temas da série Infância, um grito de socorro, que o Correio publicou nessa semana

Ana Dubeux
postado em 15/09/2019 09:00
Ilustração da série Infância, um grito de socorro
A infância deveria ser única e tão somente um espaço de vida feliz. Nessa fase, reinam a inocência, a esperança, o sorriso fácil, o aprendizado. Criança é puro amor. E, com amor, deveria ser cuidada, tratada, acolhida. Mas não é exatamente assim que acontece. Sem distinção de classe social, todos os dias crianças são maltratadas, abusadas, marcadas por toda uma vida por uma história de violência, na maior parte das vezes, dentro de casa.

Conheço alguém que acompanha essa história de perto, porque tem estudado sobre isso. Procurou estatísticas, buscou leis e passou a escrever sobre isso nas páginas de opinião do Correio. Nesta semana, escreveu uma série de reportagens sobre o assunto, deixando a todos nós com uma sensação indigesta, porém real, de que precisamos fazer algo.

O nome dessa repórter-editora-figura humana máster é Cida Barbosa, com quem eu tenho a sorte de conviver dia a dia. Porque ela é uma profissional incrível e também uma pessoa fantástica. Vai do esporte à política com a desenvoltura dos grandes profissionais do jornalismo.

Vou contar o que ela nos mostrou: em 2017, das 307.367 vítimas de violência no Brasil, 126.230 foram crianças e adolescentes, ou 41%. Os dados são do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), em seu levantamento mais recente. Em 2018, o Disque 100 ; canal de denúncias do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos ; registrou 152.178 tipos de violações contra esse público no país.

[SAIBAMAIS]Os abusos físicos, psicológicos e sexuais sofridos por crianças e adolescentes, o impacto na vida deles e falhas na rede de proteção foram temas da série Infância, um grito de socorro, que o Correio publicou nessa semana, com a autoria de Cida. Em 2018, o Disque 100 registrou 1.147 denúncias de violência física contra meninos e meninas no DF.

Não vamos nos calar sobre isso. Silenciar é ser cúmplice. Vamos amar nossas crianças e protegê-las. Denunciar abusos é obrigação. Estar atento é um exercício de cidadania. Cida faz isso todo dia e dignifica nossa profissão e nos lembra o quão humanos podemos e devemos ser. Viva Cida e o bom jornalismo!

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