A vida é um bem, ninguém duvida. Um presente que recebemos do divino para usufruir em uma caminhada natural, longa, feliz e proveitosa. Deveríamos todos nascer com essa certeza e prosseguir com ela por toda a nossa passagem pela Terra. Mas eis que a existência é um percurso que desafia todos os conceitos, tem obstáculos dos mais diversos. A doença mental e todas as suas consequências é o mais perigoso deles. Não afeta apenas o funcionamento químico e biológico do ser humano. Afeta a esperança e o prazer de viver a vida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. No Brasil, 32 pessoas tiram a própria vida por dia, o equivalente a um óbito a cada 45 minutos. O suicídio é hoje a segunda maior causa de morte de adolescentes e jovens adultos de 15 a 29 anos de idade ; atrás dos acidentes de trânsito. Sobre isso, falamos hoje em reportagem na Revista do Correio. Um alerta necessário, no mês de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo.
É preciso estar atento e forte para reconhecer limites, tristezas, dores, fraquezas. É preciso ter orientação para distinguir sintomas de períodos difíceis e diagnósticos de distúrbios mentais, como a depressão. Há o que pode ser tratado com carinho, mudança, dedicação, oração, meditação. Mas existem situações que precisam ser olhadas por especialistas e tratadas com medicamentos.
Ouvir o outro e olhar com atenção para quem sofre, sem julgamentos, é um primeiro passo. Você não pode curar alguém com palavras bonitas e incentivo para sair e se divertir, simplesmente. Mas você pode pedir orientação a médicos capacitados para saber como intervir em uma situação que está além do seu alcance. Há muitas formas de se fazer isso, por exemplo, buscar auxílio e aconselhamento no CVV (Centro de Valorização da Vida), um serviço voluntário que atende pelo número 188.
Ações preventivas como essa são fundamentais, pois mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a distúrbios mentais, inclusive à depressão, portanto, podem ser evitados se as causas forem diagnosticadas e tratadas corretamente.
Não demore, não julgue, apenas ajude a guiar alguém para auxílio especializado e profissional. Às vezes, o processo de convencimento é extremamente difícil. Mas, com orientação e persistência, é possível amparar alguém que não vê mais sentido na vida. Olhe em volta, ouça os apelos e siga sua caminhada na certeza de que é possível viver a vida conduzindo não apenas sua própria jornada, mas de mãos dadas com quem sofre e precisa de você.