Opinião

Artigo: Humanidade que salva e que mata

Em meio a esse turbilhão de ódio, intolerância e retrocessos, histórias de cuidado com o outro vão acendendo luzinhas de esperança

Adriana Bernardes
postado em 26/09/2019 09:00
Em meio a esse turbilhão de ódio, intolerância e retrocessos, histórias de cuidado com o outro vão acendendo luzinhas de esperançaA sociedade moderna, no Brasil e em algumas partes do mundo, vive uma era de extremos, que tem colocado em xeque o que diferencia o homem de outros animais: a sua capacidade de pensar, de fazer conexões, de enxergar além do que é palpável. É como se alguém tivesse aberto a gaiola libertando as bestas antes trancafiadas a sete chaves.

O resultado desse processo é um aumento dos discursos de ódio, de intolerância de toda sorte e retrocessos inomináveis na educação, na preservação do meio ambiente e na política externa, só para citar alguns. Os impactos para a maioria dos brasileiros, sobretudo para os mais pobres, serão devastadores. Também atingirão a classe média de tal maneira que ela ainda não se deu conta.

Em meio a esse turbilhão de ódio, intolerância e retrocessos, histórias de cuidado com o outro vão acendendo luzinhas de esperança. Foi isso o que aconteceu esta semana, graças à sensibilidade de uma médica do Hospital da Criança de Brasília José de Alencar, da direção do hospital e da Universidade Católica.

Aos 15 anos, Fábio Dantas Júnior tem um sonho: ser médico pediatra. Desde o nascimento, enfrenta a rotina dentro de um hospital, resultado da luta contra a fibrose cística. Morador de Ceilândia, o aluno do 1; ano do ensino médio no Instituto Federal de Brasília (IFB) teve a oportunidade de experimentar uma rotina diferente: passou parte do dia no laboratório de treinamento de procedimentos médicos da faculdade de medicina: intubação, pontos cirúrgicos e puncionamento de veias.

A sensibilidade da pneumologista Luciana Monte, que atende Fábio desde criança, emociona. O esforço dela para aproximar o garoto do sonho dele certamente produziu em todos os envolvidos ondas de afeto, admiração, respeito e inspiração para além das horas e dos quilômetros rodados entre o Hospital da Criança e o laboratório da Católica. Que gestos de humanidade como esse se repitam com mais e mais frequência. Que a luz vença as trevas.

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