Opinião

Artigo: Hora de reagir

Chegou a hora da reação da sociedade. A morte brutal do padre Casemiro, na Asa Norte, e o tiroteio em plena luz do dia em Águas Claras difundiram o medo social

Roberto Fonseca
postado em 27/09/2019 09:00
O assassinato brutal do padre Casemiro deixou um clima de medo em BrasíliaEm uma semana em que casos de violência dominaram o noticiário nacional, como a morte estúpida da menina Ágatha Felix, de 8 anos, atingida por uma ;bala perdida; no Rio de Janeiro, Brasília também registrou um assassinato brutal: o do padre Kazimierz Wojno, 71 anos, conhecido como Casemiro, que assusta pela frieza dos ladrões. O crime ocorrido na noite do último sábado, na residência que fica no mesmo terreno da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na 702 Norte, trouxe uma enorme sensação de insegurança aos moradores da capital federal. Brasília acordou no domingo em estado de choque.

O caso deixou um clima de medo tão grande que mereceu atenção especial do governador Ibaneis Rocha, que além de decretar luto oficial de três dias, posicionou-se sobre o assassinato do padre Casemiro: ;Expõe uma dura realidade que precisamos enfrentar com determinação. Por mais preparada e equipada que esteja a polícia, por mais rigorosas que sejam as leis, a criminalidade expõe sua face onde e quando menos esperamos;;, afirmou em nota.

O latrocínio (roubo seguido de morte) do padre Casemiro, no entanto, infelizmente entra na lista dos crimes de difícil prevenção: por ter sido premeditado, como mostram as investigações policiais da delegacia da Asa Norte, em que os bandidos escolheram dia e hora para atacar, só poderia ter sido evitado se eles fossem abordados pelas forças de segurança em rondas ostensivas momentos antes da ação.

Hoje, movimentos sociais representantes das favelas e da população negra, além de coletivos de combate à violência policial, preparam atos e mobilizações de rua nas principais cidades do país. A ideia é protestar contra a morte da menina Ágatha e também contra a política policial adotada pelo governador do Rio, Wilson Witzel, do PSL, mesmo partido do Jair Bolsonaro.

E aqui em Brasília? Creio que chegou a hora da reação da sociedade. A morte brutal do padre e, por exemplo, o tiroteio recente em plena luz do dia em uma área movimentada de Águas Claras difundiram o medo social. Especialistas em segurança cravam que rondas ostensivas são apenas uma das fórmulas para reduzir a sensação de vulnerabilidade. Reforçar o policiamento comunitário é sempre uma boa aposta. É preciso que algum movimento ou liderança encampe a ideia e faça a ponte entre governo e sociedade. Quem se habilita?

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação