Adriana Bernardes
postado em 03/10/2019 09:30
A violência contra a mulher e o papel da imprensa na cobertura desses casos foi tema de uma audiência pública na Câmara dos Deputados na terça-feira, requerida pela deputada federal Flávia Arruda (PR-DF). Representantes de veículos de comunicação, entre eles o Correio Braziliense, foram convidados para falar sobre a responsabilidade da mídia ao retratar esses casos. A experiência foi, ao mesmo tempo, um aprendizado e um mergulho no processo de produção diário desse tema tão devastador para as mulheres e seus familiares.O tema ocupa as páginas do Correio não é de hoje e transita em diferentes editorias: Cidades, Brasil, Política, Opinião, nos blogs e na Revista do Correio. Ao longo dos anos, o jornal publicou especiais sobre o assunto, manchetou a edição, publicou como tema principal de diferentes editorias. A preocupação perene foi a de estimular os leitores à reflexão sobre as agressões que vitimam mulheres pela sua condição de gênero.
Para oferecer ao leitor essa abordagem mais analítica, recorremos a pesquisadores, integrantes de ONGs e de associações de defesa dos direitos das mulheres, aos membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Justiça. Violência doméstica é tema extremamente delicado, pois suas raízes estão na cultura machista e patriarcal tão bem consolidadas na nossa sociedade.
O risco é reproduzir o discurso que, ao longo de décadas, tenta justificar o comportamento masculino que fere e mata desde meninas a mulheres idosas, colocando o Brasil na quinta posição entre os que mais assassinam mulheres pela condição de gênero no mundo. Mas precisamos virar a página!
Para mudar essa realidade brutal, é preciso envolver o conjunto da sociedade: poder público, universidades, a mídia, a sociedade civil organizada, ONGs, entidades de ensino, empresas privadas, representantes das diferentes religiões, entre outros. É preciso que todos, homens e mulheres, assumam o compromisso de entender a gravidade do problema e encontrar caminhos para a construção de uma cultura, permeada pelo respeito entre homens e mulheres. Se isso não for feito, a próxima vítima pode ser do seu núcleo familiar.