postado em 09/10/2019 09:00
Depois de amanhã, o mundo conhecerá o novo laureado com o Prêmio Nobel da Paz, uma das mais nobres honrarias concedidas em vida a uma pessoa por seus feitos em prol de um mundo mais pacífico. Mas, o que é a paz em um planeta onde líderes semeiam a divisão, a intolerância, o preconceito e a ignorância? O que é a paz em uma sociedade na qual os ricos ostentam seu vazio interior e desprezam os pobres, esquecidos à margem de tudo e de todos? O que é a paz em nações que insistem em se fazer ouvir pela força das armas, e não por políticas sociais voltadas para a redistribuição das riquezas e a redução das desigualdades? O que é a paz em um ambiente onde se separa seres humanos com muros e onde se acredita no direito de invadir sua terra, matar seus filhos e arrasar seus sonhos? O que é a paz quando quem prega a paz acaba vítima do ódio? Aconteceu com Jesus Cristo, Mahatma Gandhi, Martin Luther King Jr., John Lennon e tantos outros anônimos que tiveram suas vidas ceifadas covardemente.O que é a paz quando se pode ser assassinado no trânsito pelo simples fato de ter atravessado o caminho de seu algoz? Quando a mãe chora copiosamente sobre o caixão do filho a dor da eterna saudade que trai a sequência natural da vida? Quando alguns membros da polícia se corrompem ou seguem à risca a política genocida de engravatados enfurnados em seus gabinetes com ar-condicionado e outras benesses? Como acreditar na paz quando mulheres são reduzidas a objetos de prazer, propriedades alheias, seviciadas, torturadas, mortas por monstros que se julgam superiores por serem homens. Homens? Onde? Como?
Na semana de entrega do Nobel, talvez haja inspiração para buscarmos a esperança. O sonho de que todos os muros caiam e povos tenham como únicas diferenças o idioma e a cultura, mas se apeguem ao amálgama do amor, à linguagem universal. O sonho de que todo o ser humano seja tratado com dignidade e respeito, não importando sua classe social, credo, raça ou orientação sexual. O sonho de que nenhum governante imponha sobre seu povo matizes ideológicos que julgue mais adequado ou conveniente, extirpando o sagrado livre arbítrio e vilipendiando a liberdade de expressão, dos direitos humanos que deveriam ser invioláveis. A esperança de que as armas se calem por todo o sempre e as balas sejam trocada por rosas, abraços e sorrisos. Não seria um mundo perfeito? Seria a própria paz.