Opinião

Artigo: Pequenos negócios, muito além dos números

Por trás de cada negócio, há sonhos, projetos de vida e os esforços de homens e mulheres, jovens e pessoas maduras que fazem o país se movimentar

Carlos Melles*
postado em 09/10/2019 09:00
Por trás de cada negócio, há sonhos, projetos de vida e os esforços de homens e mulheres, jovens e pessoas maduras que fazem o país se movimentarEles são fortes. Eles são milhões. Eles movem o país e... são pequenos. Nunca a expressão ;os pequenos, quando se juntam, podem tudo; foi tão verdadeira como no atual momento econômico brasileiro. A última pesquisa realizada pelo Sebrae, a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostrou que no último mês de agosto, de cada 10 empregos gerados no país, oito estavam nos pequenos negócios. O resultado é o melhor para esse mês, nos últimos cinco anos.

Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa (5), os números apresentados por esse segmento são irrefutáveis: os pequenos negócios representam 99% de todas as empresas do país, respondem por 44% da massa salarial e geram 27% do PIB nacional. Estou convicto de que a saída econômica para o Brasil está nos pequenos negócios ; e os números confirmam minha retórica. Ao longo do período de crise pelo qual o país passou ; e que começa a deixar para trás ;foram as pequenas empresas que evitaram que o drama do desemprego fosse ainda maior.

Todavia, o Brasil ainda é ; no ranking do Banco Mundial ; um dos países mais mal-avaliados no nível de facilidade de fazer negócios (em 2018, ocupamos o 109; lugar entre 190 países analisados). Precisamos, urgentemente, aprovar um conjunto de propostas que tramitam no Congresso Nacional e que ajudam a melhorar o ambiente de negócios no país, impulsionando a criação de novas empresas e contribuindo para o fortalecimento de milhões de empreendimentos, que fazem o Brasil acontecer. A reforma tributária, com a unificação de impostos e o aprimoramento da política do Microempreendedor Individual (MEI) são exemplos. Destaque para a importância do aumento do teto de faturamento (que se restringe atualmente a R$ 81 mil por ano) e do aumento do número de funcionários permitidos para cada MEI.

Para o Sebrae, que realizou em 2018 quase 10 milhões de atendimentos a pessoas físicas e jurídicas, com 4,7 milhões de horas de consultoria, as micro e pequenas empresas são muito mais que números. Por trás de cada negócio, enxergamos sonhos, projetos de vida e os esforços de homens e mulheres, jovens e pessoas maduras que fazem o país se movimentar. Da padaria da esquina às startups que oferecem tecnologias avançadas, esses empreendedores geram emprego e renda e contribuem para o desenvolvimento de suas comunidades.

São mais de 15 milhões de empreendimentos, entre microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas, que tiraram milhões de brasileiros da informalidade. Pessoas que partiram em busca da realização de sonhos ou se viram forçados a abrir uma empresa para complementar a renda familiar. Milhões que teriam de se sujeitar à precariedade de negócios informais, sem acesso a benefícios como Previdência Social, auxílio-maternidade, auxílio-doença e auxílio-aposentadoria. A conquista da ;cidadania empresarial; deu-lhes também o direito a vantagens que seriam impensáveis, como crédito bancário, emissão de nota fiscal e participação em licitações.

Na semana do pequeno negócio, reconhecemos os avanços dos últimos meses, como a recém-aprovada Lei da Liberdade Econômica, que trouxe uma sensível redução da burocracia, e seguimos olhando adiante. É nisso que o Sebrae acredita, no trabalho duro, em mais liberdade para quem quer produzir e no potencial transformador que as micro e as pequenas empresas carregam consigo.

*Presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

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