Opinião

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Desde 1960 Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 11/10/2019 04:14



O mecanismo do Minotauro


Não é novidade para ninguém, principalmente para aqueles que transitam nos bastidores do poder aqui na capital, que, a cada dia que passa, mais e mais a Operação Lava-Jato vai caminhando para seu final. Não por conta das investigações, que segundo os próprios procuradores ainda deveriam prosseguir por mais dois anos, no mínimo. A questão é que para todos aqueles que, direta ou indiretamente, estão, de alguma forma, enredados nessa operação exitosa, ;a Lava Jato foi longe demais;.

Por essa avaliação, entende-se que essa operação, por conta, naturalmente, das pistas que seguiu, chegou muito perto daquelas autoridades do alto escalão tidas como intocáveis ou forçosamente, acima de qualquer suspeita. Todos aqueles envolvidos na tarefa de seguir a trilha deixada sabiam que mais cedo ou mais tarde a Lava-Jato chegaria a uma encruzilhada que bifurcaria por apenas dois caminhos: o da legalidade total, custe o que custar ou da trilha nevoenta, onde os personagens principais desapareceriam de cena, deixando em suspense o prosseguimento da operação, tal qual sucedeu com as investigações Mãos Limpas, na Itália.

O problema maior, nessa fase avançada da operação, é que ela se aproximou demais de pessoas e fatos que se abrigam não apenas no Legislativo e no Executivo, mas dentro do próprio Poder Judiciário. Nesse ponto foi operado um conjunto de acordos e acertos de bastidores, todos devidamente registrados pela mídia, visando à elaboração de uma estratégia em comum, envolvendo os Três Poderes, para um esvaziamento paulatino e discreto de toda a força-tarefa da Lava-Jato.

O ;mecanismo;, se assim pode ser apelidado, consistiria numa desaceleração suave e sem estardalhaço das investigações, retirando, a conta-gotas, todo e qualquer suporte necessário aos procuradores de Curitiba. Esse ;mecanismo; deveria funcionar de forma sincronizada e silenciosa como um relógio suíço, de modo a não despertar a atenção e a ira da população, que, em sua maioria, apoia a operação Lava Jato e seu prosseguimento.

Na realidade, o que pretendem todos aqueles envolvidos nessa trama poderosa é cobrir a operação com o véu do esquecimento, apagando delicadamente cada possibilidade de pista; afastando as investigações do olho da mídia; tornando secretas muitas investigações; removendo personagens de pontos estratégicos; apagando a memória da operação; desacreditando qualquer avanço; tornando legais escutas criminosas que flagraram conversações entre os procuradores e o então juiz Sérgio Moro.

Para tanto, as infinitas filigranas da lei serviriam como uma espécie de Labirinto do Minotauro, onde os investigadores ficariam aprisionados até a decretação da morte cerebral da operação. Para aqueles que acompanham no dia a dia o desenrolar desse ardil, o ;mecanismo; segue em pleno desenvolvimento, colhendo de cada Poder a pequena porção de pólvora, capaz de fazer explodir pelos ares aquela que foi a mais popular das operações, esperança de muitos, desde que Cabral por essas bandas veio ter.



A frase que foi pronunciada
;A corrupção não tem cores partidárias. Não é monopólio de agremiações políticas ou governos específicos. Combatê-la deve ser bandeira da esquerda e da direita.;
Sérgio Moro, quando ocupava o cargo de juiz federal.


Sem aviso


; Nosso leitor Renato Prestes informa que o medicamento Moduretic, para pressão alta, original e genérico, some da praça, prejudicando a saúde de pacientes que têm uso diário.

Mérito

; É realmente um sucesso a visitação ao Congresso. As duas casas se unem para receber os brasileiros. No domingo, não há a necessidade de agendamento. Os grupos começam a se organizar para a primeira visita às 9h. De meia em meia hora, novos grupos são formados. Os últimos saem às 17h. A cada primeiro domingo do mês, há também a participação do Congresso na troca das bandeiras. A responsável no Senado é Marília Serra; na Câmara, Maria José Garcia. Os elogios dos visitantes foram para Adriana Araújo. Toda a equipe é bem preparada e tudo bem organizado.

Altruísmo

; Uma homenagem da Azul no Outubro Rosa. É que Cleonice Antunes, agente de cargas da companhia, venceu o câncer e agora inspira os passageiros com sua história de superação. Ela entra em alguns aviões antes do embarque finalizar para passar a mensagem do autoexame e exames preventivos. Segundo o Ministério da Saúde, por ano, surgem 60 mil novos casos de câncer de mama no país.


História de Brasília

; Ninguém vai querer comparar o dr. Juscelino com o Padre Cícero, mas, quando o homem chega, até a chuva chega também; (Publicado em 1/12/1961)




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