Opinião

Artigo: Outubro Rosa

A redução de risco e o diagnóstico precoce da doença são os principais fatores para reduzir a mortalidade por câncer

Susana Ramalho*
postado em 14/10/2019 04:14
A redução de risco e o diagnóstico precoce da doença são os principais fatores para reduzir a mortalidade por câncerO câncer de mama atinge a vida de milhares de mulheres e, por isso, a importância do Outubro Rosa. O primeiro Outubro Rosa ocorreu em 1986 e foi criado por uma organização não governamental americana, chamada Fundação Susan G. Komen for the Cure. Porque precisamos de um mês para conscientização do câncer de mama? No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no país (excluídos os tumores de pele não melanoma). Para 2019, foram estimados 59.700 casos novos, o que representa uma taxa de incidência de 51,29 casos por 100 mil mulheres. A única região do país em que o câncer de mama não é o mais comum entre as mulheres é a Norte, onde o de colo de útero ocupa a primeira posição.

O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer nas mulheres brasileiras, com uma taxa de 13,68 óbitos/100 mil mulheres em 2015. Observa-se um aumento na incidência de câncer de mama entre mulheres mais jovens nos últimos anos no Brasil e no mundo; em mulheres com menos de 35 anos, a incidência hoje está entre 4% e 5% dos casos, faixa etária em que historicamente apenas 2% dos casos eram observados. Aspectos associados aos fatores de risco, que têm relação com estilo de vida, se veem mais presentes: menor número de filhos, gestação mais tardia, alimentação inadequada, associados à correria do dia a dia, podem estar influenciando essa mudança de aparecimento de tumores de mama em mulheres mais jovens.

Precisamos melhorar qualidade do cuidado às mulheres que vivenciam um câncer de mama. A própria Fundação Susan G. Komen for the Cure surgiu a partir da experiência que a fundadora (Nancy Brinker) viu sua irmã (Susan G. Komen) passar durante o tratamento de câncer de mama. Susan G. Komen teve um câncer de mama aos 33 anos. A vivência da pouca atenção e de ambientes de baixo acolhimento às mulheres com câncer de mama, além dos limitados recursos de pesquisa motivaram a criação de uma organização que lutasse por melhor qualidade de atenção e mais eficazes tratamentos.

O Outubro Rosa é hoje um Movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama. A Conscientização provê informações sobre detecção precoce (através da mamografia e do reconhecimento de alterações nas mamas como nódulos) e fatores de risco (como obesidade, terapia de reposição hormonal, ingestão de álcool e sedentarismo, além de fatores genéticos). O diagnóstico precoce possibilita que as chances de cura sejam muito maiores para a paciente. Por isso, é preciso que as mulheres conheçam seu corpo e suas mamas, estejam atentas a qualquer alteração que possa indicar uma anormalidade e procurem um médico imediatamente caso identifiquem alguma suspeita, além disso, deve-se realizar os exames de mamografia periodicamente.

A redução de risco e o diagnóstico precoce da doença são os principais fatores para reduzir a mortalidade por câncer. Segundo o INCA, é possível reduzir em 28% o risco de uma mulher desenvolver câncer de mama a partir da adoção de alguns hábitos. Entre eles estão: praticar atividade física regularmente; alimentar-se de forma saudável; não fumar; ter o peso corporal adequado; não ingerir bebidas alcoólicas; evitar uso de hormônios sintéticos em altas doses.

A conscientização, o diagnóstico precoce e melhores tratamentos devem andar juntos. Um novo olhar sobre o tratamento vem ocorrendo através de várias intervenções que identificam como planejar o cuidado integral da mulher que está vivenciando o câncer de mama, um planejamento de tratamento que alinhe as vivências e singularidades da mulher e os objetivos e demandas do tratamento para chegarmos com confiança mútua ao sucesso. Criar empatia com a paciente, entender o momento de vida em que ela está, suas necessidades e desejos fazem parte do tratamento que oferecemos na Oncologia Vera Cruz, em Campinas-SP, onde acreditamos no cuidado integral das pacientes.

*Especialista em oncologia clínica pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de oncologia, mestre em oncologia mamária e doutora em oncologia ginecológica pelo CAISM/Unicamp e integra a equipe de oncologia do Hospital Vera Cruz de Campinas

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação