Opinião

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Desde 1960 Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 16/10/2019 04:16



Um novo Brasil

Todo o país parece viver numa espécie de suspense no qual se aguarda o desenrolar do novo capítulo referente à grande saga iniciada com a Operação Lava-Jato. Como um folhetim onde os novos episódios vão se sucedendo a passos lentos, a próxima subtrama irá tratar justamente da possibilidade de prisão após decisão colegiada em segunda instância. As atenções da população se voltam, nesse caso, tanto para o Supremo Tribunal Federal (STF) como para a Câmara dos Deputados, onde a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deu início a discussões, em caráter extraordinário, sobre o projeto que trata do mesmo assunto.

Esse contraponto entre o Legislativo e o Judiciário, em boa medida, foi induzido pelo poder de pressão de um novo player que vai se estabelecendo no país, à medida que cresce a influência e a participação das redes sociais nos principais assuntos nacionais. O vaivém das decisões da Alta Corte, que muda de entendimento sobre esse e outros temas de interesse da nação a cada novo acontecimento, criou, e não poderia ser de outra maneira, mais um momento de grande instabilidade política.

Nos últimos cinco anos, a principal pauta política do país tem sido ditada justamente pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato e pelo ineditismo da condenação e prisão de grandes lideranças, indivíduos que, até pouco tempo, eram tacitamente considerados intocáveis. O grande iceberg de corrupção revelado por essa investigação abriu um racha intransponível no antigo status quo da República, transformando-se num divisor histórico entre dois Brasis: o da impunidade perpétua e o país que se quer moderno, da universalidade da lei.

Na atual fase em que esse folhetim histórico se apresenta e que, talvez, seja o seu ápice, mostra os esforços sobrenaturais que estão sendo gestados pelas forças do atraso para recuperar terreno e seguir, como se fez na Itália, para enterrar todo o trabalho de saneamento ético feito até aqui. Bem se sabe que a maioria dos esforços que foram realizados até o momento tem sofrido revés desesperado tanto no Legislativo como no Judiciário. Esses contra-ataques por parte do ;ancien régime; em favor dos condenados e contra o endurecimento das leis contra a corrupção vêm arregimentando cada vez mais a participação da população, que se posiciona a favor da continuidade da Lava-Jato.

Mesmo parte dos ocupantes do poder Executivo e do Legislativo que aí estão conseguiram se eleger justamente com a bandeira da ética no trato com a coisa pública. Infelizmente, alguns desses personagens usaram desse mote apenas para conseguir acesso ao poder, mudando de lado tão logo garantiram seu quinhão.

A sociedade tem acompanhado de perto a performance de cada uma dessas figuras. Desta vez, com a grande vantagem de ter acesso à fala dos próprios personagens por vários canais das redes sociais. Com isso, parte dos brasileiros já pode se certificar de que é preciso fazer mudanças tanto no sistema político-partidário do país como no sistema de escolha e composição das altas cortes. Nesta altura dos acontecimentos, os cidadãos sabem muito bem o que precisa ser feito, não apenas para que um novo Brasil nasça, mas o que é necessário expurgar para que essa condição se estabeleça definitivamente.




A frase que foi pronunciada

;O melhor programa social que o governo pode oferecer ao povo brasileiro é o emprego;
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil


Aula e memória


; Que beleza a iniciativa de parceria entre o Instituto Histórico e Geográfico do DF e a Secretaria de Educação. Aulas são ministradas pela professora Denise Coelho para mostrar aos professores das escolas públicas a história da cidade. A iniciativa faz parte do próximo aniversário de Brasília, em abril. Uma fonte rica de informações que deve ser aproveitada nesse projeto é a doutora Tânia Fontenele, autora do documentário Poeira e Batom.

Nosso Hino


; Por falar em escolas, é bom que, nesse clima de história, os alunos tenham oportunidade de conhecer o Hino Oficial de Brasília, com música da professora Neusa França e letra de Geir Campos.

Impressionante

; Desigualdade para uma sociedade mais justa, livro assinado pelo ex-banqueiro Eduardo Moreira, com prefácio de Jessé Souza e posfácio de Márcio Calve Neves.

Informação


; Ars Rochedo afirma em carta ao Correio Braziliense que, em relação ao julgamento que acontece amanhã no STF, é importante que todos saibam em quais países a prisão ocorre após a 1a. ou 2a. instância. Eles são: Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, China, Coreia, Dinamarca, Espanha, EUA, Finlândia, França, Grécia, Índia, Irã, Irlanda, Israel, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Holanda, Polônia, Portugal, Reino Unido, Romênia, Rússia, Suécia, Suíça, Turquia, Uruguai e em mais 153 países com importância relativa menor. E termina a missiva: ;Por essa razão, os cidadãos brasileiros esperam que os ministros do STF usem qualificação profissional, notório saber e inquestionável integridade para tomar a decisão requerida pela verdade, decência e ética;.


História de Brasília

; Com muitos outros aconteceu o mesmo, e nós ficamos, de longe, admirando a fidelidade suarenta de alguns dos seus ;amigos;. (Publicado em 01/12/1961)



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