Opinião

ARTIGO

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 18/10/2019 04:05



Falta feedback e muito mais

O assassinato de Henrique Fabiano Dias, 25 anos, escancara a falta de segurança que envolve o transporte por aplicativo no Distrito Federal. O crime ocorrido no último domingo choca pela facilidade de ação dos bandidos, que renderam e mataram o rapaz logo após ele atender a uma corrida de uma igreja de Águas Claras para o Guará 2. Seis menores acabaram detidos por participação no latrocínio. À polícia, confessaram o crime. Um deles reconheceu que matou porque a vítima reagiu ao assalto. A morte de Henrique não foi um caso isolado. Dois dias antes, Tiego Cavalcante morreu após atender a uma corrida em Taguatinga. O pedido de corrida partiu do celular de uma mulher. O caso ainda está em investigação.

Como mostrou o Correio ao longo desta semana, em reportagens publicadas na edição impressa e no portal, o medo tomou conta da categoria que presta o serviço. Os 50 mil trabalhadores que utilizam aplicativos para transportar pessoas, segundo dados do Sindicato de Motoristas Autonômos (Sindmaap), sentem-se desprotegidos e reclamam da falta de diálogo. Avaliam que as reclamações não são resolvidas pelas empresas, que não dão retorno sobre as experiências narradas nem apresentam melhorias. No primeiro semestre deste ano, 71 condutores sofreram sequestro relâmpago logo após aceitarem uma corrida. Um aumento de 407% em relação ao mesmo período de 2018.

Policiais e estudiosos na área de segurança pública sinalizam que um dos motivos para o aumento da violência é que, neste período, as empresas de aplicativo passaram a permitir que o pagamento fosse realizado em dinheiro ; antes era necessário ter um cartão de crédito válido. Uma comodidade para o passageiro, mas que aumentou a insegurança dos prestadores de serviço. ;Dessa forma, se tornaram alvo fácil e vulnerável dos criminosos. Os bandidos podem criar uma conta falsa, pedir a corrida e praticar o crime. O principal relato é de que os motoristas não têm o que fazer, a não ser rejeitar chamados em áreas mais perigosas;, conta uma fonte da Secretária de Segurança Pública.

Concordo ainda com os motoristas que a falta de diálogo é mesmo um problema, inclusive para os usuários. Esse estilo de vida todo digital, por meio de aplicativos como Spotify, Netflix, iFood, Uber, Cabify, 99, facilitou o relacionamento entre cliente e empresas. Basta apenas fazer o download, cadastrar os dados pessoais e passar a usufruir o serviço. Sem intermediários.

Se a prestação do serviço ocorrer dentro do previsto, beleza. Todos saem satisfeitos. Mas se ocorre qualquer ruído, como uma corrida cancelada ou uma refeição não entregue, os problemas surgem. O atendimento é todo digital, muitas vezes feito pela inteligência artificial que simplesmente ou ignora a reclamação ou estorna o valor cobrado. E nesse ponto falta o feedback. Algo que precisa ser melhorado para a segurança de todas as pontas envolvidas no processo. O robô nem sempre tem razão.



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