postado em 25/10/2019 10:17
[FOTO1]A crescente tensão política na Bolívia preocupa governantes dos demais países da América do Sul, depois das idas e vindas na apuração das eleições presidenciais em que o presidente Evo Morales, candidato a um quarto mandato, se autoproclamou vencedor no primeiro turno. Oposicionistas não reconhecem o resultado que daria a vitória ao atual ocupante da Presidência. Insistem em que o maior rival de Evo, o ex-presidente Carlos Mesa, conquistou o direito de disputar o cargo máximo do país num segundo turno e denunciaram uma ;fraude gigantesca;.As manifestações tomaram as ruas das principais cidades do país, incluindo a capital, La Paz, e a mais populosa, Santa Cruz de la Sierra. Manifestantes também fecharam a fronteira nas imediações de Puerto Quijaro, na divisa com o Mato Grosso do Sul. O receio é de que os confrontos tomem maior dimensão e fiquem incontroláveis. No meio das acusações entre situação e oposição, o Conselho da Organização dos Estados Americanos (OEA) aponta que diversos princípios democráticos foram desrespeitados no pleito eleitoral do último domingo e sugere a realização de um segundo turno, também defendida por Mesa.
Para o chefe da missão de observadores do organismo internacional, Gerardo de Icaza, eleições devem ;ser regidas pelos princípios da certeza, legalidade, transparência, equidade, independência e imparcialidade. A missão (da OEA) concluiu que vários desses princípios foram violados por diferentes causas ao longo deste processo eleitoral;. Diante disso, sugere uma nova rodada das eleições. Tese apoiada pela influente Igreja Católica boliviana. A Conferência Episcopal da Bolívia (CEB) defende a nomeação de um Superior Tribunal Eleitoral independente para acompanhar uma outra disputa entre Evo e Mesa.
O presidente boliviano, por sua vez, acusa setores da direita de tramarem um golpe de Estado com apoio internacional, mas não indicou os responsáveis pela trama. Segundo Evo, manifestantes contrários a ele atacaram centrais eleitorais para impedir a contagem dos votos. Isso aconteceu depois da convocação, pelos sindicatos, de uma greve geral por tempo indeterminado e de uma marcha pelos principais centros do país. Durante as manifestações, aconteceram cenas de incêndios e vandalismo contra os locais de apuração.
O caos na contagem dos votos se deu porque, fechadas as urnas, o Tribunal Supremo Eleitoral utilizou dois métodos para a apuração: contando voto a voto e somando os votos registrados em atas, que traziam os números de cada mesa. Num primeiro momento, apenas os resultados do segundo método foram divulgados. Quando o escrutínio indicava o segundo turno, a contagem foi suspensa. Daí em diante, criou-se grande confusão, pois a cada hora o tribunal anunciava o resultado por uma metodologia, até que confirmou a vitória de Evo por meio da apuração pelas atas. Mesa e correligionários não aceitaram a decisão e denunciaram a fraude.
Vários países demonstraram sua preocupação com o momento político vivenciado pela Bolívia, entre eles o Brasil, Argentina, Colômbia e Estados Unidos, assim como a União Europeia. O impasse está criado e espera-se que a crise seja solucionada por intermédio do bom senso e diálogo. Que sejam assegurados os direitos democráticos da população boliviana. Pelo bem do país vizinho.