Opinião

Artigo: O legado da irreverência

Jorge Fernando conseguia criar ambientes fraternos, de um modo que o elenco ficava afinadíssimo e isso transparecia para a tela

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/10/2019 09:00
[FOTO1]Poucos são aqueles que trabalham por trás das câmeras e conseguem se tornar conhecidos do grande público. Esse foi o caso de Jorge Fernando. O diretor, morto no último domingo, aos 64 anos, em decorrência de uma parada cardíaca, ultrapassou essa barreira. Mesmo quando estava dirigindo novelas, séries e filmes na televisão e no cinema, ele se fazia presente para os espectadores.

Por vezes, simplesmente ao aparecer atuando nas produções, em um modo de revisitar o próprio passado, uma vez que Jorginho, como era chamado pelos amigos da dramaturgia, começou na televisão atuando em Ciranda, cirandinha (1978). Mas, na maioria das vezes, essa presença aparecia por conta da marca registrada que impregnava nas produções.

Jorge Fernando conseguia criar ambientes fraternos, de um modo que o elenco ficava afinadíssimo e isso transparecia para a tela ; dois bons exemplos são Sai de baixo e Guerra dos sexos (1983). Outra característica sempre foi a bela união entre humor e drama que colocava em suas obras. Sem falar, no ritmo de gravação, sempre agitado e divertido, como o público sempre pôde ver enquanto o Vídeo show ainda era exibido no início das tardes. Jorginho era figura cativa no programa, sempre abrindo as portas de seus sets.

Em 40 anos de carreira, esteve envolvido em novelas que fizeram história. Guerra dos sexos, Cambalacho, Que rei sou eu?, Rainha da Sucata, Vamp e A próxima vítima fazem parte de uma sequência de belas produções iniciadas no fim dos anos 1980 e meio dos anos 1990. Nos anos 2000, continuou em alta com Sai de baixo, Chocolate com pimenta e Alma gêmea. Mais recentemente, agradou ao público com Dercy de verdade, Êta mundo bom! e Verão 90.

Provavelmente, será difícil alguém ocupar o espaço deixado por Jorginho. Mas fica o legado da irreverência e a imagem, quase impossível de apagar, do sorriso largo, da devoção aos santos (Antônio e Jorge) estampada nas camisetas, das bermudas floridas, dos selinhos (a la Hebe Camargo) e dos gritos de ;boom;. Como bem disse a apresentadora e atriz Ana Furtado, que Jorge Fernando faça muito ;boom; no céu!

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