postado em 02/11/2019 04:05
Suassuna
Como se esquecer de Ariano? Este ano, se vivo estivesse, o escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna faria 92 anos. Infelizmente, não podemos mais nos deliciar com suas opiniões e seus causos, sobretudo em suas aulas-espetáculo, mas sua obra segue.
; José Ribamar Pinheiro Filho,
Asa Norte
Supremo
Existe algo mais literal que o artigo 5; da Constituição Federal, que inicia com ;todos são iguais perante a lei...;? Existe algo mais literal que as últimas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) rasgando esse direito? Ou, então, alguém me convença de que eles estão tomando decisões para beneficiar os Zé das cadeias públicas, amontoados em piores condições que o gado no curral. Alguém me convença que as instâncias inferiores da Justiça são úteis, uma vez que não podem prender ninguém, pois se isso ocorrer, será decisão discricionária. A lei que o STF está engendrando não tipifica qual crime deve ser punido com prisão. Ainda dói na alma usarem pensamentos de Rui Barbosa para justificarem os argumentos absurdos. Chego aos 63 anos imobilizado por caras e bocas vazias, com bastante juridiquês e nenhum notório saber.
; Roosevelt Bessoni e Silva,
Lago Norte
; Artigos da Constituição Federal, reescritos pelo Supremo Tribunal Federal: art. 2; São poderes da União, mais ou menos independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário; ; 1; O Judiciário poderá interferir nos demais ;poderes; no momento em que bem entender, sem dar satisfações a ninguém; ; 2; Qualquer crítica ao Judiciário pelos demais ;poderes; será entendida como ;crise entre os Poderes;; ; 3; A crítica do Judiciário aos demais ;poderes; faz parte da independência daquele; art. 5; Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, exceto os magistrados, que estão acima da lei; LXXIV Ministros do Supremo Tribunal Federal estão acima da Constituição; art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Supremo Tribunal Federal e, de vez em quando, pelo Congresso Nacional.
; Milton Córdova Júnior,
Vicente Pires
Nordeste
Finalmente, o governo conseguiu identificar o navio, de bandeira grega, que causou a maior tragédia ambiental nas costas brasileiras, afetando a maioria dos estados nordestinos e deixando mais de 250 municípios que margeam o Atlântico sem eira nem beira. Ninguém deve esperar reparação. O navio já partiu. Encontra-se em outros mares. Mais uma vez a eficiência do poder público, colocada em teste, apresentará o mesmo resultado das tragédias de Mariana e Brumadinho. Hoje, à inscrição ;Ordem e Progresso; da Bandeira do Brasil, poder-se-ia acrescentar ;impunidade;. Causa profunda revolta ver a inércia com que o governo tratou da poluição das praias nordestinas. O piche contaminou mangues, estuários de procriação da fauna marinha, os corais e, principalmente, afetou a vida de milhares de homens e mulheres que vivem da pesca, do turismo e de outras atividades produtivas associadas ao mar. São famílias inteiras que estão com sua fonte de subsistência comprometida. Quem vai dar conta dessa imensa tragédia, numa região tão sofrida do nosso país e que, entra e sai governo, tem merecido apenas o descaso do poder público?
; Arthur de Castro,
Asa Sul
Capitalismo
Pedir favores ao governo é um cacoete cultural que herdamos da Península Ibérica. A história começa com a carta de Pero Vaz de Caminha que, lá pelas tantas, pede emprego para o genro. Progride com a divisão do Brasil em capitanias hereditárias. No século passado, o pioneiro da grande empresa privada nacional, o barão de Mauá, transformado em patrono da indústria na República, faliu porque não conseguiu suficientes favores de dom Pedro II. O mesmo aconteceu após a Primeira Guerra Mundial, com o pioneiro da indústria têxtil paulista Jorge Street. Não surpreende que, com esse caldo de cultura, surgisse uma degenerescência do capitalismo brasileiro, a empresa cartorial, protegida pelo governo com duas mãos. A mão do cofre, que o garante contra os prejuízos, e a mão do protecionismo, que o livra da concorrência. Na versão moderna, a empresa cartorial é aquela que lucra mais mandando seus dirigentes peregrinarem pelos gabinetes e península ministeriais do que os concentrando na melhoria da produtividade. São personagens que trazem sempre um sorriso nos lábios, um pedido na mão e a chantagem de desemprego na fronte: ;Se minha empresa falir, serão tantos milhares de empregados postos na rua;. A interação entre o burocrata e o capitalista cartorial é socialmente odiosa. Primeiro, porque é um convite à corrupção. Segundo, porque é um desestímulo à eficiência. Terceiro, porque é um mecanismo de tirar recursos dos pobres e dar aos ricos. Em geral, no fim das contas, o executivo da península ministerial garante mesmo um só emprego, o seu, deixando ao burocrata a tarefa de raspar o dinheiro do contribuinte. O capitalismo cartorial é um crime contra os pobres, que se perpetra à margem de um mito: o do Estado como ente capaz de extrair recursos do nada. Enquanto isso, o pobre e desempregado, com o pires vazio na mão, é o câncer corrosivo de toda a sociedade. Triste!
; Renato Mendes Prestes,
Águas Claras