Opinião

Artigo: Jornalismo é essencial

Tratar a profissão de jornalista como desnecessária ou em vias de extinção é decretar o silêncio de porta-vozes da cidadania

Rodrigo Craveiro
postado em 06/11/2019 04:15
[FOTO1]O jornalismo existe para denunciar, para apontar as mazelas do governo e cobrar das autoridades explicações. O jornalismo não pode nem deve, se curvar a ameaças de quem quer que seja. Suas funções, além de informar a sociedade, incluem incomodar os que se julgam acima do bem e do mal, aqueles que cerceiam direitos, impõem censura atrelada a dogmas religiosos ou ideológicos, submetem a população a uma maneira de pensar arcaica e tóxica. O jornalismo é guardião da democracia, um dos pilares mais sólidos do Estado de direito. Quando tentam corroê-lo ou dilapidá-lo, adotam o caminho da autodestruição.

Silenciada a ferro e fogo durante a ditadura e obrigada a publicar receitas de bolos em jornais e revistas, a imprensa jamais deve se omitir ou calar sua voz, qualquer que seja o governo no poder. Sem a atuação de editores, repórteres e fotojornalistas, o cidadão fica exposto às agruras do Estado e refém do autoritarismo e da prepotência. Tratar a profissão de jornalista como desnecessária ou em vias de extinção é decretar o silêncio de porta-vozes da cidadania e se licenciar para cometer exageros e abusos de autoridade.

É exatamente nos momentos de crise, quando absurdos são cometidos e ditos pelos governantes e seus asseclas, que o jornalismo deve apostar tudo na apuração rigorosa dos fatos e na crítica, ainda que ácida, a quem foi colocado no poder pela própria população e a ela deve explicações e subordinação. Em três décadas, nunca antes a imprensa esteve tão ameaçada. A alguns governantes interessa um povo desinformado e ignorante politicamente, incapaz de exigir os seus direitos e, se preciso for, sair às ruas em manifestações pacíficas. A ojeriza à contestação social é mote de qualquer governo pouco afeito à democracia. Cabe a nós, jornalistas, manter o direito da sociedade de ser bem informada. E preservar a solidez do Estado de direito e a sacralidade da liberdade de expressão.

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