postado em 12/11/2019 04:14
Na semana passada, quando o Enem escolheu o tema ;Democratização do acesso ao cinema; para a redação, suscitou um debate para além do exame. No Brasil, essa tal democratização ainda é utópica. Apesar da grande quantidade de salas de cinema nas áreas centrais das metrópoles, as cidades pequenas e as áreas rurais, em sua maioria, não contam com cinemas próprios.Quem quiser assistir a um filme num telão e numa sala escura tem que se deslocar. Não bastasse a distância, existe outra grande barreira: a questão financeira. Hoje, ir ao cinema está longe de ser um lazer barato. Outra questão é a própria seleção dos filmes. O cinema nacional acaba tendo menos espaço nas salas, que ficam abarrotadas de blockbusters.
É um contexto de desafios. A sorte é que existe gente por aí que enxerga nas adversidades situações de oportunidades. Apurando a matéria publicada no último sábado no caderno Diversão & Arte, ;Cinema que democratiza;, em parceria com Ricardo Daehn, me deparei com essas pessoas.
No Distrito Federal, muitas regiões administrativas não têm cinema. Lá, é fácil encontrar alguém que nunca pisou em uma sala de exibição de filmes. Tentando ser uma linha fora da curva, há os cineclubes, que surgem de iniciativas populares, em grande parte, sem financiamento público. A intenção é levar a sensação do cinema para esses locais. Seja pela questão física de estar dentro de uma sala escura assistindo a um filme em um telão, seja por adentrar no universo cinematográfico que pode ensinar tanto ao espectador pelos temas que aborda e pelos personagens que ganham as telas.
Hoje, existem projetos cineclubistas já consolidados em Taguatinga (dentro de escolas públicas), no Recanto das Emas (promovido pelo IFB), em Samambaia (no Complexo Cultural), em Brazlândia, em Planaltina e, de modo itinerante, no Guará, na Estrutural e no Sol Nascente. Também há iniciativas inoperantes no momento ; e com muita vontade de voltar ; em locais como o Núcleo Bandeirante e o Núcleo Rural do Córrego do Urubu.
As iniciativas levam, além da sensação de cinema, produções nacionais que abrem debates importantes para a população. Até porque, como bem disse a professora Flávia Felipe, responsável pelo Cineclube Teatro EIT, no Centro de Ensino Médio EIT (CEMEIT), o cineclubismo tem como ;objetivo dar acesso à produção que é feita no Brasil;. Entender o cinema é entender seu lugar no mundo, como agente histórico, social e político.