Cláudio Ferreira da Silva*
postado em 13/11/2019 04:06
[FOTO1]O Brics é o agrupamento formado por cinco grandes países emergentes ; Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ; que, juntos, representam cerca de 42% da população, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial. Este grupo de países completa uma década e prepara sua 11; cúpula, hoje e amanhã, em Brasília, com o seguinte lema: ;Crescimento econômico para um futuro inovador;. A presença dos cinco chefes de Estado atesta o peso do encontro. O acrônimo Bric foi cunhado em 2001 pelo banco de investimentos Goldman Sachs, para indicar as potências emergentes que formariam, com os Estados Unidos, as cinco maiores economias do mundo no século 21.Em 2006, os países do Brics deram início ao diálogo que, desde 2009, tem lugar nos encontros anuais de chefes de Estado e de governo. Em 2011, com o ingresso da África do Sul, o Brics alcançou sua composição definitiva, incorporando um país do continente africano. Esta não é a primeira vez que o Brasil recebe a reunião. Em 2010, Brasília também recebeu o encontro, e em 2014, foi a vez da cidade de Fortaleza receber os presidentes do bloco.
O Brics tradicionalmente ocupa um papel internacional de desenvolvimento de um modelo construtivo de governança baseado no multilateralismo. Além disso, possui como objetivo elaborar planos para evitar os efeitos negativos da globalização, elaborando uma estrutura sustentável de crescimento global.
Do ponto de vista econômico, verificamos que os países do Brics, em 2018, foram destino de 30,7% das exportações brasileiras, rendendo US$ 73,8 bilhões em nossa balança comercial, uma alta de 23,5% em relação ao ano anterior (US$ 56,4 bilhões). Do lado das importações, também em 2018, compramos US$ 43,1 bilhões em mercadorias das nações do bloco, o que representou 23,8% do total das importações nacionais. Registramos, assim, um superávit comercial de US$ 30,7 bilhões no ano passado com estes países.
Nesse sentido, todas as reuniões do bloco, não apenas as presidenciais, servem como um espaço de promoção dos interesses econômicos do Brasil, nas quais podem ser negociadas novas oportunidades e mercados para os negócios nacionais. De forma pragmática, o Brasil propôs cooperações em ciência, tecnologia e inovação, economia digital, combate à lavagem de dinheiro e narcotráfico, além de aproximar o Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), conhecido como banco do Brics do setor privado brasileiro.
Trata-se de uma oportunidade para a diplomacia brasileira buscar um novo processo de ampliação e integração dos espaços econômicos, e projeção de interesses nacionais para uma dimensão internacional. Além de contribuir para se buscar alguns entendimentos,de que as políticas comerciais conflitivas não ajudam o crescimento do comércio global. Os países que integram os Brics estão entre os principais parceiros comerciais do Brasil, significa ampliação de fluxo de comércio e parcerias em diversos setores da economia, como o setor de petróleo e infraestrutura. A China, por exemplo é o principal parceiro comercial nas exportações e importações.
OBrics é, sobretudo, uma iniciativa de concertação política dos diversos interesses dos seus países integrantes que são muito diversos e pode vir a ser um espaço de busca de consensos. Desde sua primeira cúpula, em 2009, o Brics estabeleceu mais de 30 áreas de cooperação. Destacam-se, entre elas, a cooperação econômico-financeira; em saúde; ciência, tecnologia e inovação; segurança e empresarial. Em conjunto, essas iniciativas resultaram na conformação de importante patrimônio de realizações que visa a gerar benefícios concretos para nossas sociedades.
O diálogo empresarialse dá, sobretudo, por meio do Conselho Empresarial do Brics (Cebrics) e pelo Fórum Empresarial do Brics. O Cebrics foi estabelecido em 2013, durante a Cúpula de Durban, na África do Sul, com vistas a aproximar as comunidades empresariais dos cinco países, promover o compartilhamento de experiências e a prospecção de oportunidades de negócios.
Atualmente, o Cebrics conta com nove grupos de trabalho, inclusive nas áreas de infraestrutura, manufatura, energia, agronegócio, serviços financeiros, aviação regional, harmonização de padrões técnicos e desenvolvimento de capacidades. Em 2018, estabeleceu-se novo grupo de trabalho sobre Economia Digital, dentro da estrutura do conselho. Durante o ano de 2019, a presidência de turno brasileira trabalhou para buscar avanços com a pauta de aproximação entre o Cebrics e o NDB, a fim de impulsionar os investimentos em infraestrutura.
*Professor de relações internacionais do UniCeub, especialista em relações internacionais pela UnB e mestre em Ciência Política