Adriana Bernardes
postado em 21/11/2019 10:42
[FOTO1]O Governo do Distrito Federal recebeu os estudos que vão embasar a licitação para implantar o estacionamento rotativo pago em Brasília. Toda vez que esse assunto vem à tona, é como mexer em vespeiro. O cidadão não gosta da ideia e, desde a época do então governador Joaquim Roriz, o projeto cai no esquecimento meses depois. Políticos, em geral, querem ficar bem na fita com o eleitor e cobrar pelas vagas públicas não é lá uma decisão muito popular.Do ponto de vista da mobilidade urbana, da qualidade de vida do condutor e de quem trabalha em áreas saturadas pelo fluxo intenso de veículos, não há outro caminho. O estacionamento rotativo pago é realidade em diferentes cidades brasileiras ; em São Paulo é chamado de Zona Azul ; e do mundo. Em Londres, por exemplo, além da cobrança por estacionamento em área pública, existem regiões em que, para o motorista entrar de carro, só pagando e caro! É bem verdade que os moradores da capital inglesa, ao contrário de quem vive nas metrópoles brasileiras, são bem assistidos pelo transporte público e podem contar com calçadas decentes para caminhar.
A Secretaria de Mobilidade divulgou ontem que 12 interessados em elaborar o projeto Zona Verde se apresentaram para fazer o estudo, mas, somente nove foram autorizadas a executar a proposta e, no fim das contas, apenas duas apresentaram o estudo de fato. Antes de a licitação ser lançada de fato, o estudo selecionado pelo governo será apresentado em audiências públicas e depois, analisado pelo Tribunal de Contas. Por enquanto, o governo não fixou valores, nem detalhou como funcionará o sistema. Informou apenas que pretende criar bolsões de estacionamento próximos às estações de metrô e às paradas de ônibus com grande fluxo de pessoas, além de reforçar as linhas de integração nesses locais.
Cobrar por estacionamento é umas das medidas para inibir o uso do transporte individual de passageiros. Brasília está com as ruas saturadas de veículos e o congestionamento é uma realidade para quem está no automóvel e nos coletivos. Outras medidas de desencorajamento ao uso do automóvel precisam e devem ser adotadas por aqui.
Entre elas, a ampliação das faixas exclusivas para ônibus, a criação das Zonas 30 ; que o GDF chegou a anunciar no começo deste ano ; , e a proibição de carros em áreas críticas. No entanto, elas devem ser acompanhadas de uma política de investimento no transporte público. Basicamente ele deve ser confiável, com rotas e horários que atendam as necessidades da população e limpos. É imprescindível que os modais estejam 100% integrados. Mais: será preciso fazer uma ampla campanha para captar o passageiro do transporte individual. Ele precisa sentir que é mais vantagem deixar o carro em casa e pegar o ônibus, o metrô, a bicicleta ou os três modais conjugados. Do contrário, continuaremos assistir à degradação da mobilidade urbana.