Opinião

E agora, ministro?

postado em 23/11/2019 04:34

;Os últimos serão os primeiros;, diz um dito popular. Outro vai na mesma linha: ;Devagar se vai ao longe;. Há também o que afirma que quem ri por último ri melhor. Esses provérbios nasceram na época do carro de boi. Na era da internet, a sabedoria por eles transmitida leva a outra conclusão.


Os últimos serão os últimos mesmo. Devagar se chega atrasado. Quem ri por último é retardado. A observação vem a propósito da declaração do ministro da Educação a respeito do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes ; Pisa. Abraham Weintraub anunciou que o Brasil deve ocupar o último lugar da América do Sul.


Realizada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a prova avalia o desempenho de estudantes de até 15 anos em matemática, ciências e leitura. Na última edição, de 2016, 70 países participaram do certame. O Brasil ficou mal na foto. Em leitura, figurou na rabeira da lista. Em matemática e ciências, andou para trás.


Ao antecipar o resultado, cujo anúncio oficial virá nos próximos dias, Weintraub eximiu-se de responsabilidade. Atribuiu a culpa ;aos 16 anos de governos petistas e de abordagens esquerdistas;. Decepcionou. Em nada ajuda falar em herança maldita diante de fatos que constrangem o país.


Impõe-se olhar para frente e encontrar respostas contemporâneas para problemas antigos. Na década de 70, o Brasil universalizou o acesso à escola. A iniciativa veio tarde em relação ao resto do mundo. O passo seguinte ; universalizar o acesso ao conhecimento ; entrou em compasso de espera.


Três desafios exigem respostas efetivas e urgentes. Um deles: promover a aprendizagem. Brasileirinhos vão à escola. Mas as salas de aula se revelam incompetentes para cumprir a tarefa que lhes cabe. Metade das crianças chegam analfabetas ao terceiro ano. A maior parte das demais deixam a desejar no tocante às competências delas exigidas.


O segundo embate se refere à conclusão das etapas escolares na idade certa. Ficar para trás desestimula, baixa a autoestima e leva à sucessão de fracassos. O terceiro, não menos importante, aponta para a evasão. Sobretudo no ensino médio, o abandono dos bancos colegiais contribui para engrossar as fileiras do crime. O futuro dos jovens fora do sistema, como eles mesmos dizem, começa com c ; caixão ou cadeia.


Vale frisar a importância do professor no salto qualitativo por que o país tanto anseia. Mestres precisam estar motivados para abraçar a causa. A política denuncista com certeza não é a mais acertada para a hercúlea tarefa de sintonizar o Brasil com o século 21.


Não há necessidade de inventar a roda. Estados como Ceará, Pernambuco e Espírito Santo têm experiências exitosas nos ensinos fundamental e médio. Podem compartilhar o caminho trilhado com as demais unidades da Federação. A sociedade tem pressa. Os hoje excluídos do acesso ao conhecimento farão falta ao país que envelhece no pior dos mundos ; pobre e carente de educação.

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