Opinião

Visão do Correio: Conquista nacional

O ministro Paulo Guedes deu um passe errado. Esqueceu que, em momentos delicados como os atuais, até as pausas falam

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 28/11/2019 12:00
[FOTO1]A cultura futebolística ensina lição repetida em diferentes contextos. ;Não se mexe em time que está ganhando.; Se tal ou qual combinação dá bom resultado em competições disputadíssimas, manda o bom senso mantê-la nas demais. Até prova em contrário, a receita se aplica a certames que exigem determinado desempenho.

O ministro da Economia parecia comungar dessa tese. Ele assumiu a chefia do Posto Ipiranga do governo Bolsonaro. E, com carta branca para escolher os auxiliares, formou um time de craques, que driblou com maestria os adversários e conseguiu tentos importantes para a até há pouco cambaleante economia do país.

Em 11 meses no comando da pasta, Paulo Guedes exibe o troféu de ter aprovado a reforma da Previdência ; mudança derrotada por sucessivos governos durante duas décadas. Também domou a inflação, baixou a taxa de juros e apresentou ao Congresso ousada agenda pós-Previdência, que mexe com diferentes interesses e requer, por isso, habilidade política para levá-la adiante.

Nesse quesito, o ministro deu um passe errado. Esqueceu que, em momentos delicados como os atuais, até as pausas falam. Em Washington, na noite de segunda-feira, Guedes afirmou não estar preocupado com o nível do câmbio. Foi o suficiente para a moeda americana disparar e atingir novo recorde.

O Banco Central interveio duas vezes, mas os leilões se mostraram incapazes de conter a escalada. Para analistas, a fala funcionou como senha. Os investidores entenderam que o governo aceitaria a desvalorização do real, o que levou à corrida em busca do dólar ; aposta no lucro certo em época na qual os investimentos especulativos estão em baixa.

Outros fatores também contribuíram para o desvario. Entre eles, três sobressaem. Um: a decepção com o megaleilão do pré-sal, que frustrou a expectativa de entrada de dólares no país. Outro: a perspectiva de manutenção dos juros nos Estados Unidos. O último, mas não menos importante: a balbúrdia política que sacode os países sul-americanos, que poderia reduzir o ritmo das urgentes reformas, necessárias para repor a economia nos trilhos.

A turbulência aumentou com a menção ao Ato Institucional n; 5 ; o AI-5. Referência desnecessária e inoportuna, cadáver que a democracia se encarregou de sepultar como frisaram os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.

Graças a esforço hercúleo e duros sacrifícios impostos à sociedade, o país acumulou reservas que ultrapassam US$ 350 milhões e criou ambiente de negócios atraente, apto a atrair investimentos produtivos por que o Brasil anseia. É importante zelar pela importante conquista. Ninguém mais do que Paulo Guedes conhece o valor de tal patrimônio.

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