Adriana Bernardes
postado em 28/11/2019 12:06
[FOTO1]Chegou a 32 o número de mulheres vítimas de feminicídio no Distrito Federal. O número é 10,3% superior ao registrado ano passado, e o ano nem acabou. Quando o assunto é levantado, vem acompanhado de uma pergunta para a qual não se sabe a resposta: os feminicídios aumentaram por que agora são tipificados em lei ou por que elas têm sido alvo mais recorrentes?A resposta para essa questão é importante e, sem dúvida, será capaz de nortear políticas públicas de prevenção. Porém as vítimas de violência que ainda sobrevivem às agressões de toda natureza não podem esperar. Elas estão sendo massacradas dia a dia ; não raro na frente de seus filhos ; e, num espaço de tempo cada vez mais curto, brutalmente assassinadas.
O Estado precisa se mexer, e algumas políticas podem ser colocadas em práticas a qualquer momento. O combate à violência contra a mulher terá ambiente fértil e transformador dentro das salas de aula, por exemplo. É preciso educar meninos e meninas, muitos deles criados num ambiente de violência doméstica, para as relações de afeto permeadas pelo respeito mútuo.
É preciso preparar os servidores das áreas de saúde, de educação e de segurança pública para reconhecer, amparar e encaminhar as vítimas de violência doméstica para atendimento especializado. E é preciso, claro, que esses atendimentos existam, de fato, e sejam capazes de acolher essas mulheres como elas precisam: apoio psicológico, financeiro e judicial para começar.
Incentivar a sociedade a denunciar caso de violência doméstica é importante, mas não é a solução para todos os problemas. Assim como não adianta somente dizer para a mulher que ela precisa quebrar o silêncio e buscar ajuda. Se fosse fácil se desvencilhar das amarras da violência, não haveria tantas vítimas, muito menos mortes. Isso, por si só, é apenas se retirar de cena e terceirizar uma responsabilidade que também é dos governos.