Roberto Fonseca
postado em 29/11/2019 11:38
[FOTO1]Um velho fantasma voltou a assombrar o Distrito Federal na madrugada de ontem. Há 33 anos, é assim: sempre que surge a notícia do sumiço de um recém-nascido em um hospital da capital federal vem à lembrança o caso Pedrinho, a história de menino retirado dos braços da mãe ainda na maternidade 13 horas após o parto, em janeiro de 1986, e que só teve um desfecho em novembro de 2002. Um desaparecimento que marcou duas gerações de policiais e jornalistas, afinal o sonho de qualquer agente/delegado ou repórter era encontrar o recém-nascido levado do Hospital Santa Lúcia.Pedrinho, como ficou conhecido Pedro Rosalino Braule Pinto, hoje um advogado, casado e pai de dois filhos, se tornou conhecido nacionalmente. A novela global Senhora do destino, que ficou marcada pela vilã Nazaré Tedesco, interpretada por Renata Sorrah, foi inspirada no crime protagonizado por Vilma Martins Costa, ex-cabeleireira, ex-empresária e ex-dona de um bordel em Goiânia.
Condenada e presa por tirar Pedrinho dos pais biológicos Jayro e Lia, Vilma também criou como filha outra criança sequestrada anos antes, desta vez na capital goiana.
Casos semelhantes ao de Pedrinho ocorreram desde então no DF. Neste ano, a Polícia Civil desvendou o sequestro de uma criança levada dos braços da mãe no Hospital Regional do Gama, em fevereiro de 1981. Em junho de 2017, um bebê de 12 dias sumiu da maternidade do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), e a sequestradora acabou presa um dia depois. Em comum, são histórias que deixam um abalo psicológico nas famílias e provocam um clima de comoção na sociedade. Muitos se perguntam: ;E se fosse comigo?;
Pouco mais de dois meses atrás, um casal amigo vivenciou, pela primeira vez, a sensação da maternidade. A menina nasceu em um hospital particular da Asa Norte. Tudo correu bem, mas parentes ficaram impressionados com as regras de segurança. Todos os procedimentos com o bebê (exames, medicação, consultas) eram realizados no próprio quarto onde a mãe estava internada. Tudo aos olhos dos pais e dos avós. Visitantes recebiam pulseiras com o número do quarto e a respectiva cor ao andar em que iriam.
Em analogia com o caso ocorrido ontem no Hospital Regional de Taguatinga, será tão difícil implantar um sistema confiável de vigilância na rede pública? Pela tecnologia existente, claro que não. Câmeras e monitoramento remoto custam cada vez menos. Pulseiras coloridas de identificação não têm preço exorbitante.
Reconheço que os hospitais públicos, por conta da arquitetura, são de difícil controle. Em muitos casos, os vários blocos e anexos, com muitos acessos, entradas e portarias, facilitam a atuação de criminosos. O HRT, por exemplo, não tem câmera de segurança. Servidores contam que há saída do prédio sem porteiro. Incrível, não? Há menos de 10 dias, os vigilantes das unidades de saúde do DF entraram em greve por causa do atraso de salário. Voltaram ao serviço no mesmo dia após receberem o pagamento. A segurança precisa ser tratada como prioridade nas unidades de saúde.