Opinião

Visto, lido e ouvido

Procurem nos cofres do Tesouro

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 11/12/2019 04:15
Em algum ponto geograficamente determinado, as diversas modalidades de crimes há séculos praticadas neste país acabam se cruzando. Não é incomum que transgressões como corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e outros crimes correlatos se encontrem para acertar a melhor forma de lavar os recursos desviados ou combinar novos modus operandi de tornar essas operações mais invisíveis ou lucrativas para todos.

Quem escolhe a corrupção quando chega ao poder necessita de um doleiro ou de um empresário ladino para disfarçar os recursos surrupiados. O doleiro, ou o empresário, necessita do político corrupto para agilizar e dar aparência legal aos seus desatinos. De fato, num tempo indeterminado, todos acabam mergulhando na mesma piscina cheia de ilegalidades, onde se confraternizam, festejando o resultado do butim.

Quando alguns observadores dessas cenas grotescas afirmam que ;Brasília é uma ilha;, querem dizer que a capital tem sido esse ponto na geografia brasileira onde esses encontros se dão, regados a acepipes e vinhos de altíssimos valores. Exemplos dessa prática são abundantes nas cercanias do poder, nos restaurantes chiques, nos hotéis de luxo e em outros lugares exclusivos.

Interessante, nesse caso, não é precisamente nem o tempo nem o lugar onde esses encontros se dão, mas o próprio fato de se repetirem num compasso até monótono. Muitos desses convescotes têm ocorrido nas residências oficiais, onde, de comum acordo, todos deixam seus celulares na entrada. Somente o fato de existir encontros dessa natureza, longe do olhar e dos ouvidos do povo, num país que se declara como República, já é bastante insólito e estranho.

De uma forma ou de outra, esses indivíduos, escolhidos por uma urna fantasiada de democracia, sejam eles identificados como notórios corruptos ou doleiros de alto calibre, ou mesmo políticos inocentes, acabam se misturando nas festas, bebendo e brindando o ano proveitoso para todos. A interdependência desses elementos assegura a todos em conjunto à própria sobrevida do grupo. Os poderosos se protegem mutuamente.

Enquanto uns conferem o cartão verde e o passe livre aos articuladores dos recursos que voam livremente de um ponto para outro, outros garantem o azeitamento com farto dinheiro para que esses próceres da República não se preocupem com questões banais, como moedas. As revelações produzidas, quer pela Operação Lava-Jato, quer pela própria delação de muitos acusados, têm ensinado muito sobre esses cruzamentos entre o poder e o dinheiro.

Existe um ponto geográfico bem determinado e em comum onde todos esses personagens da história brasileira se encontram e realizam a fase final de seus crimes, quer fisicamente ou apenas na forma de fantasmas. Esse ponto específico, por demais devassado ao longo dos anos, é nada mais nada menos do que os cofres do Tesouro Nacional, onde a população confia compulsoriamente suas economias.


Lição online

; Se a agenda é positiva, é preciso divulgar o nome do estabelecimento. Dessa vez é o Maristinha que levanta a consciência dos pequenos aprendizes para as metas da ONU em relação aos direitos humanos. Os assuntos discutidos, até on-line, vão desde o estímulo a desafiar estereótipos nocivos e preconceitos a verificar antes de comprar de empresas que utilizam mão de obra escrava.


Boa iniciativa

; Antigo em Brasília, o cursinho do Granjeiro, Grancursos, disponibilizou vários e-books para os professores que farão prova para servir temporariamente nas escolas públicas
do DF.


Prata da casa

; Giselle Ottoni, que sempre vestiu a camisa da instituição, acaba de apresentar o memorial na Escola de Agronomia da Universidade Federal
de Goiás. Agora é professora titular.


Caminhos da voz

; Luisa Francesconi, também prata da casa que despontou em horizontes maiores, foi entrevistada por João Luiz Sampaio. Fala da vida profissional, desafios e estudos. Veja
no Blog do Ari Cunha.


Até quando

; Já que vai passar pelo blog do Ari Cunha, veja também o protesto do deputado Gilson Marques (Novo/SC) sobre o fundo eleitoral. Ele reforça que os parlamentares devem se lembrar que são servidores públicos, devem servir e não serem servidos. Como disse o ministro Paulo Guedes, não são excelências, são servidores do povo brasileiro. A não ser que a Justiça interprete diferente.


História de Brasília

As quadras de Brasília, na parte em frente à entrada
das residências, devem ter jardim e playground.
Estes últimos, serão ofertados por firmas comerciais,
sob o patrocínio da Associação Comercial.
(Publicado em 12/12/1961)

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