postado em 22/12/2019 04:05
A vida não é uma festa. E ter a consciência disso não é de todo ruim. Nascemos nus, mas, ao crescer e conviver em sociedade, vamos vestindo a roupa da expectativa. Passamos a querer mais do que precisamos, a colher mais do que cultivamos, a dever mais do que podemos entregar. Por essa razão, gostaria de provocar você, assim como me provoco com incômoda constância: neste Natal, o que é de fato importante? Neste ano, você quer listar sonhos irrealizáveis ou pequenas atitudes que de fato mudarão algo em você e ao redor? Ainda que passemos anos e anos atrás de respostas, o que de fato interessa são as perguntas que fazemos a nós mesmos.
Questionar a si próprio, entender nossas necessidades, perdoar nossos erros e fracassos, olhar para o outro com empatia e compaixão são atitudes sadias. Mais do que isso, são ferramentas para conseguirmos atuar como seres ativos e não apenas receptores de padrões destrutivos; são reflexões essenciais para vivermos com verdade em vez de nutrir fantasias. Por que, às vezes, sentimos que está tudo tão difícil? Talvez porque não tenhamos a exata compreensão de nosso papel no planeta. Queremos ser e ter muito. Queremos aparecer e pertencer. Mas, no íntimo, aqui com meus botões, penso que tudo que o precisamos dar e receber é amor.
Falar de amor parece uma grande bobagem, um conto da carochinha, uma fábula qualquer? Não é. No fundo, é isso que nos move. É o amor que nos leva para a reconciliação, o perdão, a gratidão, a paz, o equilíbrio. Poderia aqui fazer uma retrospectiva de todas as notícias pesadas e tristes que demos ao longo deste ano e torcer com muita força para que elas não se repitam. Mas seria um engano. Nada em volta muda se cada um de nós não mudar aqui dentro. É preciso nos despir de nós mesmos, de nossas crenças e vontades, e dar valor ao coletivo. Se habitamos o mundo, é necessário também deixar que o mundo nos habite.
Nessa época de luzes e presentes, de orações e abraços, de confraternizações e de novas promessas, nosso coração pede mais uma vez uma festa de arromba. A esperança é legítima e eu sou a perfeita penetra que entra por essa porta de forma bem discreta, sem muito estardalhaço. Mas vou com a consciência de que preciso fazer minha parte, entrar com minha cota de participação para deixar o mundo um tiquinho melhor. Vamos juntos? Desejo um Natal com mais presença e menos presentes!