Opinião

Ameaça à economia

postado em 23/12/2019 04:04
Quando a economia volta a dar sinais de que pode, enfim, sair do abismo da pior recessão da história ; herança petista, com milhões de desempregados ;, denúncia envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) ameaça turvar o cenário favorável ao país. É que, apesar de a questão nada ter a ver com o Planalto, há o risco de o presidente Jair Bolsonaro ; sobretudo devido ao destempero verbal e à notória inabilidade de lidar com fatos ou suspeitas que envolvem a própria família; transformar o caso em uma crise que atrapalhe o governo, principalmente as reformas em andamento no Congresso.

Por enquanto, no horizonte, os dados são animadores. O risco-país está no menor nível desde 2010. As vendas de Natal devem ter a maior alta desde 2012. Além disso, apesar da alta dos últimos dois meses, a inflação se mantém sob controle. Tanto que o Banco Central não hesitou em aprofundar os cortes na taxa básica de juros (Selic). Menor da história, está hoje em 4,5% ano e já levou à redução dos juros cobrados no financiamento da casa própria, que nunca foram tão baixos.

Por falar em imóvel, o setor da construção civil, após cinco anos no vermelho, dá sinais de retomada. Cresceu 4,4% no terceiro trimestre, e empresários estão otimistas para 2020. De acordo com a FGV, o Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu 3,3 pontos em dezembro, terceiro mês consecutivo de alta, e alcançou 92,3 pontos, maior patamar desde junho de 2014.

Maior desafio do país, a geração de postos de trabalho também dá sinais de recuperação, apesar de lenta. Dados do Cadastro Geral de Emprego (Caged) mostram que, até novembro, foram abertas 948.344 vagas com carteira assinada. É o melhor desempenho do mercado formal desde 2013, antes de o país afundar na recessão que resultou nesse trágico retrocesso do qual o país ainda não conseguiu se recuperar completamente.

Na lista de prioridades de 2020, a reforma tributária desponta como a mais crucial para o crescimento do país. O sistema, hoje, é tão surreal, que ninguém sabe ao certo quantos impostos e diretrizes sobre formas de cobrança existem. O ministro da Economia, Paulo Guedes, sabe que a saída passa pela simplificação e automação dos processos. É o óbvio.

O mundo inteiro já é ou será todo digital. Não se trata de CPMF, mas de todo o sistema funcionar dessa forma. O ponto está em colocar o foco principal no consumo, não na produção, e encontrar mecanismo que evite a bitributação e aponte para um modelo mais justo. De preferência, um modelo capaz de contribuir para a redução das desigualdades.

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