postado em 25/12/2019 04:05
No Bolsa Família, convivem ingênuos e velhacos
No futuro, quando os cronistas de nosso tempo resolverem sair por esse Brasil afora, percorrendo alguns desses lugarejos distantes e perdidos entre os milhares de municípios existentes, dispostos a narrar unicamente os fatos e as transformações ocorridas com o advento do programa Bolsa Família na vida de milhões de brasileiros, uma infinidade de histórias saborosas e outras nem tanto emergirão desse garimpo humano para compor um quadro do realismo fantástico nacional, mostrando que personagens do tipo Pedro Malasartes, João Grilo, Macunaímas e outros ainda estão bem vivos, atuantes e pregando suas peças.
O Brasil, por sua continentalidade, ainda é um país que pouco se conhece. As distâncias e a realidade interestelares entre a capital, as metrópoles e o restante da nação, perdida nos confins de interior miserável e esquecido, ainda são as mesmas dos séculos passados. Mesmo no caso dos municípios onde reside o Brasil real, o alheamento mútuo entre governo e população persiste, apesar da televisão e das redes sociais.
São dois mundos apartados por estradas intransponíveis ou quase inexistentes. É nesse interiorzão, sufocado pela poeira, o calor e a pobreza que as histórias surreais, dignas de um escritor como Dias Gomes, se sucedem dia após dia, mostrando o quanto o Bolsa Família alterou a vida modorrenta dessa gente, criando personagens reais, que usam a vida agreste como pano de fundo, onde os espetáculos de aldrabice vão se desenrolando, separando ingênuos de um lado e velhacos, de outro.
Nesses confins do mundo, pequenas vilas, onde todo mundo sabe mais da vida alheia do que da própria, dia de pagamento do Bolsa Família é fácil de ser percebido. Lá vão os ingênuos, e outros não tanto, para as longas filas das agências. O dinheiro, que, para os primeiros, é vital e merecido, já vem com o destino certo. Outros cuja sorte malandra quis aquinhoá-los com um abono extra, veem os recursos irem direto para as mãos do dono do bar da esquina. Em muitos casos, são donos dessas cachaçarias, que ficam com a guarda do cartão como condição para vender fiado o álcool diário.
Por certo, a economia desses pequenos lugarejos fervilha por conta do dinheiro que chega com hora marcada. A população mais idosa, com auxílio dos mais próximos, corre para quitar as dívidas. O que sobra vai para dentro da lata de biscoito à espera das muitas aves de rapina que certamente aparecerão.
Tão logo ficam sozinhos em suas residências, sem a vigilância dos poucos parentes honestos, aparecem de mansinho os mascates, vendendo de tudo pelo triplo do preço em prestações que se estendem por todo o ano ou mais. Nessas ocasiões negociam tudo o que os ingênuos não necessitam. O que sobra do minguado dinheiro, parentes e filhos sem coração, dão um jeito de arrancar. Os velhacos, sempre à espreita, correm atrás do lucro fácil, emprestando a juros impagáveis, vendendo e comprando terras alheias, gado, bezerros, cabras e tudo mais.
Vendem, mas não entregam a mercadoria. Os prefeitos, que também são filhos de Deus, usam e abusam desses recursos para alavancar negócios, comprar consciências e apaniguar eleitores e puxas-sacos. Parentes de políticos locais e outros funcionários, cuja renda não permite esse tipo de auxílio social, também são comumente agraciados com o dinheiro do Bolsa Família. Todos fazem a festa.
O governo federal, ou mais precisamente o próprio presidente da República, que orienta a distribuição desses recursos, fundamentais para a consolidação da sua base eleitoral, cuida de estender esses benefícios, incluindo aí o pagamento de um inédito décimo-terceiro salário aos bolsistas. O governo ouve falar desses descaminhos, mas não ousa mexer nesse emaranhado de trambiques, com medo de pôr todo o curral em debandada.
Nesse quiprocó com o dinheiro da nação, considerado o maior programa de distribuição de renda do planeta, os maiores ingênuos são justamente os contribuintes que financiam dois brasis: um que merece, outro que se locupleta. Dessa forma, ingênuos e velhacos convivem muito bem dentro da enorme e generosa Bolsa Família chamada Brasil.
A frase que foi pronunciada
História de Brasília
O sr. Ibrahim Sued, ex-manequim da Ducal, demitido por deficiência física (também), continua extravasando sua bílis contra Brasília, em arremetidas sem fundamento e sem valor. (Publicado em 12/12/1961)
A frase que foi pronunciada
;A maioria dos homens é de maus juízes
quando seus próprios interesses estão envolvidos.;
quando seus próprios interesses estão envolvidos.;
Aristóteles, filósofo grego
Educação
; Iniciativa simples que desperta talentos. Kayo Magalhães foi um dos vencedores do projeto Turismo Cívico Pedagógico e, agora, quer ser fotógrafo. Estudantes da rede pública do Distrito Federal visitaram diversos pontos da cidade com o compromisso de registrar a melhor imagem. O projeto foi desenvolvido em parceria pelas Secretarias de Turismo e Educação durante o segundo semestre de 2019, contando com 200 alunos. A secretária de Turismo, Vanessa Chaves de Mendonça, também participou do evento.
Votos
; Sempre com um toque de contato humano, o ex-governador continua o mesmo. Rodrigo Rollemberg não está no poder, mas continua desejando votos de Feliz Natal aos amigos. Os de Brasília entendem melhor a cidade.
História de Brasília
O sr. Ibrahim Sued, ex-manequim da Ducal, demitido por deficiência física (também), continua extravasando sua bílis contra Brasília, em arremetidas sem fundamento e sem valor. (Publicado em 12/12/1961)