Opinião

Só falta educação

postado em 28/12/2019 04:05

No encerramento do ano, no Conselho Técnico da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo, o ex-ministro Ernane Galvêas, do alto dos seus 97 anos bem vividos, realizou palestra sobre a realidade brasileira e as perspectivas do futuro. Desenhou um quadro otimista, com base na previsão de que o nosso PIB crescerá 1,2% no ano próximo.
Alguém dirá que é pouco. A resposta dos entendidos é que, no ano seguinte (2021), a previsão alcançará os 2,5%, numa progressão altamente favorável do comportamento da nossa economia. Galvêas pediu para ouvir o que pensam alguns conselheiros sobre isso tudo.

De modo geral, o clima é de confiança, sobretudo diante do trabalho elogiado do ministro Paulo Guedes. Assim se pronunciaram especialistas como Mary Del Priore, Olga Simbalista, Sérgio Quintella, Aspásia Camargo, Rubens Cysne e outros. Abordaram o sucesso da votação da reforma da Previdência e, com o olhar de indisfarçável confiança, veem o que se pode obter com as reformas administrativa e tributária.

Como não houve tempo para a nossa apreciação sobre essa realidade, colocamos aqui o que pensamos disso tudo. Com toda sinceridade, fica faltando boa fundamentação quando se trata de educação. Vamos conseguir avançar sem uma reforma profunda no trato da educação, da ciência e da tecnologia? Será possível obter bons resultados desconhecendo o relevo da inteligência artificial? Aliás, nesse quadro, devemos incluir também a prioridade para a cultura, tão maltratada pelo governo. É uma soma incrível de pronunciamentos disparatados.

Cálculos insuspeitos mostram a educação brasileira estagnada. Ou até, em certos casos, dando sinais visíveis de deterioração. Veja-se o resultado da nossa presença nos exames do Pisa, promovidos pela insuspeita OCDE. Enquanto a China lidera o ranking, com o primeiro lugar para Beijing, Xangai, Jiangsu e Zhejiang, nas modalidades leitura, matemática e ciências, o Brasil foi parar, respectivamente, em 42;, 58; e 53; lugares, superado por países como a Estônia, a Polônia, a Nova Zelândia, a Austrália e as nações escandinavas.

O nível máximo dos exames foi atingido por apenas 2% dos brasileiros em leitura e 1% em matemática e ciências. A média da OCDE é de 9%, 11% e 7%, respectivamente. Como se vê, estamos longe de uma colocação nem sequer razoável, o que mostra o estágio lamentável em que nos encontramos. A própria OCDE afirma, enfaticamente, que ;a qualidade das escolas alimentará a força das economias, amanhã;. O que se pode esperar que venha acontecer ao Brasil e ao seu povo, com esses precários resultados?

A avaliação a que nos referimos abrange estudantes de 15 anos, em 79 países. Tivemos 11 mil alunos brasileiros participando dos exames. Eles estão no 1; ou 2; ano do ensino médio, abrangendo as escolas pública e particular. Esses testes, consagrados universalmente, medem o quanto os jovens adquiriram em conhecimentos e habilidades ;para uma participação plena na sociedade;.

É claro que devemos concluir que andamos muito mal, atrás de países como a Turquia, a Ucrânia e a Sérvia que fazem os mesmos investimentos em educação. Pode-se concluir que não investimos de forma eficiente os nossos recursos destinados a essa inquestionável prioridade.

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