Opinião

Artigo: Cabrestos imbecilizantes

''Enquanto no Brasil ainda gritamos %u201Co petróleo é nosso%u201D, mundo afora os combustíveis fósseis rumam céleres para a obsolescência''

Plácido Fernandes
postado em 30/12/2019 09:23
''Enquanto dois terços dos brasileiros se mantiverem no pântano do atraso, divididos entre Lula e Bolsonaro e trocando insultos nas redes sociais, não será possível vislumbrar futuro à frente''Muita gente ainda não se deu conta de que a inovação tecnológica já virou o mundo de ponta cabeça. Enquanto no Brasil ainda gritamos ;o petróleo é nosso!”, mundo afora os combustíveis fósseis rumam céleres para a obsolescência. Daqui a pouco, carroças movidas a gasolina e a diesel serão peças de museu. Nas ruas, impulsionados por energias limpas, veículos que nem precisaremos dirigir, apenas dizer para onde devem nos levar, substituirão os ;petrossauros; que hoje ainda povoam as ruas do mundo.

Não é delírio: o admirável mundo novo, que tanto nos fascina quanto amedronta, já bate à porta e cobra a fatura. O que antes era apenas brincadeira inocente, como a de sugerir a compra de um rim ou de um fígado novo na farmácia, está prestes a se tornar realidade. A revolução do conhecimento no campo da genética e a inovação tecnológica indicam que a produção de órgãos, com uso de células-tronco e impressoras 3D, são perfeitamente factíveis. Aliás,robôs já fazem as vezes de cirurgiões em intervenções de alta complexidade. E, em breve, pelo celular, consultas e checapes vão se tornar rotina. Medicamentos serão, cada vez mais, personalizados.

Agora, um corte para a real: é preciso avançar também na política. Enquanto dois terços dos brasileiros se mantiverem no pântano do atraso, divididos entre Lula e Bolsonaro e trocando insultos nas redes sociais, não será possível vislumbrar futuro à frente. Esse retrocesso jurássico nos condena às trevas. O país precisa levar adiante reformas como a do sistema tributário. No mundo inteiro, praticamente, predomina o modelo de imposto único. Aqui, são tantos os tributos e as formas de cobrança que ninguém, nem mesmo o mais renomado dos especialistas, sabe de cor as especificidades da legislação, a gradação das alíquotas e os mil modos de taxar o bolso dos bobos da corte.

Neste momento, o país chega ao fim de 2019 com a economia dando sinais de recuperação. Enfiado na pior recessão da história, um legado funesto de governos petistas, o Brasil ainda luta para retomar um crescimento mais robusto, capaz de criar emprego em larga escala. O maior dos desafios é fazer o país avançar e, ao mesmo tempo, reduzir as desigualdades. E isso só se faz distribuindo renda à parcela mais pobre da população e investindo na emancipação por meio de educação de boa qualidade. Bicudo tinha razão: é inaceitável o reducionismo da esquerda que enxerga os dependentes do bolsa-família apenas como curral eleitoral: ;Mais de 40 milhões de votos;. É preciso libertar o país dos cabrestos imbecilizantes que mobilizam milhões de eleitores a favor de políticos que desdenham da democracia. A mudança já poderia começar pelas eleições de 2020. Fica a dica.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação