Opinião

Artigo: O mundo é muito cruel

Correio Braziliense
postado em 03/01/2020 04:05
“O problema, meu filho, é que o mundo é muito cruel’’. A frase de dona Hermínia, em Minha mãe é uma peça 3, em um dos momentos-chaves do filme que entrou em cartaz nesta virada de ano, ilustra muito bem os tempos em vivemos. A personagem de Paulo Gustavo posicionava-se sobre o dilema de um dos filhos, mas se encaixa perfeitamente nas nossas tragédias diárias.

Não vejo outra palavra melhor do que crueldade para definir a nova forma de assaltos em rodovias. Virou febre neste réveillon gangues jogarem pedras em carros para obrigar o motorista a parar e, assim, praticarem o roubo. Casos foram registrados no Rio, em São Paulo, em Santa Catarina e em Goiás. O grande problema é que atirar um pedregulho em um carro em movimento aumenta bastante o risco de graves acidentes, como capotagens e colisões frontais com outros veículos. É urgente um mapeamento dos locais de risco por parte das forças de segurança, com ações preventivas e a devida comunicação à sociedade.

E o que falar da tragédia no complexo de cachoeiras em Guapé, no sul de Minas Gerais? Três banhistas morreram enquanto se divertiam e celebravam o primeiro dia do ano. O aumento repentino do volume de água pegou os visitantes de surpresa. Situação semelhante ocorreu em outra cachoeira, em Santo Amaro da Imperatriz, na Grande Florianópolis. Nove pessoas ficaram ilhadas após uma cabeça d’água atingir o local na quarta-feira. Em ambos os casos, é necessário informar aos visitantes sobre os riscos e o que fazer em caso de chuva. Prevenção é palavra de ordem.

Há também os sucessivos casos de feminicídio, a forma mais covarde que o machismo se manifesta. Em 2019, ao menos 33 mulheres perderam a vida no Distrito Federal ao serem atacadas pelo companheiro ou pelo ex. Via de regra, é motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero. Existe uma PEC em tramitação na Câmara, depois de ser aprovada pelo Senado no fim do ano passado, que torna imprescritível os crimes de feminicídio. É mais do que urgente que entre em vigor logo para desconstruir a cultura machista, que desrespeita, agride e mata. Meu desejo é de que todos nós tenhamos um 2020 mais tranquilo, menos cruel. Por onde podemos começar?

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