Opinião

Artigo: Não estamos em extinção

Uma nação sem jornalistas é porta aberta para a tirania. Jornalistas não estão, nem nunca estarão, em extinção. Extintos estão o bom senso; o respeito à democracia; e a primazia pelos protocolos presidenciais. Um Estado sem imprensa é o mesmo que uma nação amordaçada e refém do medo e do silêncio. Perseguir a mídia e vilipendiar o direito à informação são estratégias de quem parece preocupado por demais com a reportagem investigativa.

Ler jornal não envenena. Ler jornal informa, expande horizontes, aguça a capacidade crítica, torna o ser humano muito mais consciente das mazelas do poder, ávido a participar de debates e a se posicionar enquanto cidadão e eleitor. Quem se opõe ao jornalismo e deposita toda a confiança nas redes sociais, bebe da fonte pútrida das fake news e contamina a própria visão de mundo. O jornalismo jamais morrerá porque é um dos pilares do Estado de direito. Se o derrubarem, toda a frágil estrutura da democracia também será demolida.

Teme a imprensa quem tem medo da verdade. Foram jornalistas que denunciaram presidentes e possibilitaram processos de impeachment. Foram jornalistas que ajudaram populações a se libertarem do jugo de ditadores, ao darem voz aos oprimidos e ao combaterem a cegueira ideológica. Das lentes e do olhar do repórter, foram transmitidas ao mundo todo o horror e a selvageria da guerra.

Jornalistas não estão, nem nunca estarão, em extinção. Enquanto houver notícia, ali estarão eles, imbuídos do dever de informar e de contribuir para uma sociedade de mais luz e menos trevas. Combativos ante líderes que se julgam acima do bem e do mal. Ignorar a importância do jornalista é desejar que a sociedade caia na ignorância e no obscurantismo.