Opinião

Artigo: O Brasil sem rumos na era pós-digital

Correio Braziliense
postado em 16/01/2020 04:06
Diante de um Mundo em Profundas e aceleradas mudanças, impactadas pelas tecnologias disruptivas, qual é a nossa estratégia país? Para facilitar a reflexão recorro a algumas poucas frentes de mudanças com relevantes oportunidades competitivas:

 Energia — a matriz energética mundial com o fim da era do petróleo e a ascensão do hidrogênio e da fusão nuclear, indicam qual mudança na cadeia petrolífera/energética? Particularmente no Brasil, sabemos aferir os impactos e temos estratégias definidas para realinhar nosso posicionamento num setor sensível, do qual depende um número gigantesco de empresas e trabalhadores?  

Saúde — como cirurgias virtuais com o auxílio de robôs poderão abrir novos nichos produtivos e quem dominará os principais elos da cadeia robótica neste segmento? Educação - que impactos os modelos de ensino e aprendizagem baseados em tecnologias neurais causarão nos sistemas educacionais desde o ensino básico ao superior mundo a fora?

Conectividade —  o aumento gigantesco da conectividade, viabilizado com a Tecnologia 5G torna ainda mais viável, as cidades inteligentes, interagindo cidadãos e “devices” instalados em equipamentos públicos (postes, câmeras, painéis informativos, museus etc) carros, eletrodomésticos, sem contar a interatividade biométrica através das tecnologias vestíveis (“warable Technologies”) e das tecnologias implantadas (“inside Technologies”), tal mudança na mobilidade humana e em sua relação com “as coisas” impactam de que forma os modelos econômicos atuais?

Era transmídia — realidades virtuais e aumentadas aplicadas na arquitetura, engenharia, indústria do entretenimento, atendimentos médicos, realização de reuniões e conferências etc abrem um vasto campo de pesquisa, desenvolvimento, geração de produtos e serviços no âmbito da diversificada cadeia produtiva da Economia Criativa (arquitetura, design, música, games, arte plástica, literatura, audiovisual, eventos esporte, etc.

Transações financeiras: as transações financeiras diretas entre pessoas, sem intervenção de bancos no modelo “peer to peer” como proposto por Mark Elliot Zuckerbert ao lançar sua criptomoeda “libra” com potencial de 1,3 bilhões de usuários e um movimento de US$ 2.4 trilhões considerando apenas os seus clientes usuários do Instagram, Facebook e WhatsApp abala o sistema financeiro mundial, gerando sérias preocupações aos Bancos Centrais, incluindo o nosso. A China já trabalha com diferentes soluções em seu mercado há 5 anos, como o uso de QR Code para quaisquer pagamentos, abolindo o uso de cartões de crédito e papel moeda, bem como a modalidade compra e pagamento via We Chat (plataforma concorrente do WhatsApp). Vem aí um movimento surpreendente e de grande impacto global na mesma linha do Zuckerbert que é o Yuan Digital (yuan é o nome da moeda cinesa) e isso mudará o Jogo do Poder Mundial.

Inteligência artificial — sem retrocesso, a IA substituirá a mão de obra nas tarefas repetitivas e padronizadas desde funções administrativas, burocráticas, aos contact centers, passando pela limpeza de ruas, ações fiscalizatórias em campo (registros de água, energia, saneamento etc), Causará impactos inevitáveis na gestão pública e privada. Nosso sistema eleitoral há muito poderia ser “on line”, a máquina burocrática do judiciário, muito mais rápida e barata com o uso das tecnologias inteligentes de “jurimetria” e todas as demais áreas como: saúde, segurança, educação e trabalho abrem um gigantesco universo de oportunidades para soluções eficientes e replicáveis em âmbito global. 

Computação Quântica — a dupla exponencialidade quântica prevista para 2040 e alcançada pelo google neste natal de 2019, muda radicalmente o conceito de informática que vimos nascer e revolucionar o mundo nas últimas décadas; O desenvolvimento de sistemas via novas linguagens de programação e a criação de novos hardwares, inauguram nova era produtiva, onde o jogo está aberto aos novos players mundiais.

Manufatura Aditiva da Indústria 4.0 — linhas de produção industrial baseadas em robótica avançada e na impressão 3D de prédios, órgãos humanos, carros, navios e quaisquer outros objetos fabricados no atual modelo; Prédios e casas populares de alta qualidade e baixo custo têm sido impressos na Ásia, a Marinha americana imprimiu um Navio recentemente e os grandes chefes da Gastronomia já assinam sobremesas como cup cajes, brownies etc impressos também no 3D.

Novos materiais bidimensionais — o Grafeno inaugura uma era de novos materiais cujas propriedades adquiridas com a manipulação no nível subatômico são comparáveis aos superpoderes dados aos humanos nas historinhas em quadrinhos. Neste caso, materiais simplórios como o grafite ao ser alterado e transformado no nível subatômico passa a ter propriedades extraordinárias, como: condução de energia 150 vezes superior a qualquer elemento da natureza em seu estado original, torna-se 200 vezes mais resistente que o aço, adquire capacidade de filtragem como na dessalinização de águas, retardamento do tempo de deterioração de alimentos etc. Ou seja, o humilde grafite vira o Super-Homem dos Materiais com o nome de “Grafeno”. O Brasil é rico em grafite mas daí a enxergar a urgente corrida pelo domínio do grafeno e posicionar-se como líder é uma outra questão muito mais visionária e pragmática do que se possa supor na atual conjuntura.

Os nossos decisores governamentais e empresariais estão preparados e atentos para dimensionar nossas vantagens comparativas, posicionar nossos interesses em cada frente destas? Estamos convictos sobre os Protagonistas atuais e os potenciais nesta imensa reestruturação? Nossa Estratégia de negócios e relações internacionais considera quais objetivos para o país nestas novas cadeias globais de valor, gerando quais resultados para nossa população? Neste contexto, quais são os países aliados de nossa estratégia? O que queremos deles? O que oferecemos? Cabe-nos lembrar do famoso autor Victor Hugo: “O futuro tem muitos nomes. Para os fracos, é o inalcançável. Para os temerosos, o desconhecido e para os Valentes é a oportunidade.

*Empresário, presidente da Consultoria Internacional Going Global, do Instituto illuminante de Inovação Tecnológica e Impacto Social, mentor de Empresas de Base Tecnológica e palestrante sobre futurismo

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