Correio Braziliense
postado em 17/01/2020 04:15
O grande mistério policial neste início de 2020 vem de Minas Gerais: a contaminação das cervejas produzidas pela cervejaria Backer, principalmente a Belorizontina e a Capixaba. A quantidade de casos fatais e de novas vítimas não para de crescer. São pelo menos quatro mortos e outros 14 pacientes que desenvolveram a síndrome nefroneural por causa do dietilenoglicol e do etilenoglicol, substâncias responsáveis por provocar a doença e encontradas na água usada no preparo das cervejas da empresa.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Polícia Civil mineira trabalham com três hipóteses para a contaminação: sabotagem, vazamento ou uso inadequado de produtos tóxicos. Até agora, 21 lotes das cervejas apresentam as substâncias tóxicas, segundo a perícia realizada. E há a suspeita de a lista ser sempre maior. O que aumenta o temor de consumidores.
Com a possibilidade de contaminação de outros rótulos fabricados na empresa, o ministério determinou o recall e a suspensão de vendas de todas as cervejas produzidas na fábrica localizada no bairro Olhos d’Água, em Belo Horizonte. Todo o material apreendido passará por análise pericial, segundo auditores fiscais.
Como fã de cervejas artesanais, confesso que estou muito preocupado com o desenrolar da história. Dos rótulos vendidos pela Backer, costumava consumir três: Capitão Senra, Três Lobos e Bravo. Todas facilmente encontrados aqui em Brasília, tanto em mercados quanto em lojas especializadas. Por enquanto, apenas a Capitão Senra está na lista de contaminações — um dos lotes da Belorizontina com dietilenoglicol e do etilenoglicol, no entanto, chegou a ser comercializado na capital federal, mas sem nenhuma vítima no DF até agora.
Independentemente do resultado das investigações e dos laudos laboratoriais, acredito que será necessária uma ampla discussão sobre a preparação e o consumo das cervejas artesanais. É cada vez mais comum a realização de feiras no DF para oferecer o produto. Será que todas as cervejarias são fiscalizadas? Como consumidor, após o escândalo da Backer, acredito que será necessário o surgimento de um selo unificado de qualidade, seja nacional, seja regional, para referendar as substâncias utilizadas. Afinal, o ditado já diz: nem tudo que reluz é ouro.
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